11 de mai. de 2014

Um escravo submisso Ensina


Jogos de Sedução e Poder


A sedução é a mais forte e a mais subliminar forma de poder que temos e
é justamente nesta subliminaridade que reside seu poder.

Tudo o que seduz é ou tem poder

A sedução altera, muda, influencia, perverte sem que o seduzido perceba. Porém, nem toda forma de poder, e os atos que dela decorrem, advêm da sedução.
Seduzir é convencer, persuadir, induzir alguém a agir, ou pensar de forma diferente da que normalmente faz, alterando suas crenças, verdades ou paradigmas: PERVERTER.
Ainda que muita gente entenda a sedução apenas no plano amoroso/sexual, toda forma de relação interpessoal é um campo propício para que tal aconteça.

Quando discutimos um assunto qualquer, e ideias contraditórias são colocadas (futebol, moda, SSC x RACK...), temos um confronto de opiniões, onde cada participante tenta seduzir os demais às suas ideias e/ou convicções.
Em nosso cotidiano estamos sempre seduzindo alguém à alguma coisa. O problema é quando pensamos sempre em “convencer” em detrimento do seduzir.

Seduzir é o meio, convencer é o fim. Seduzo para convencer, e não o contrário.
Há ainda outra questão entre convencer e seduzir. Ainda que o objetivo, lá no fim, seja único, podemos alcançá-lo por caminhos diferentes.
Há o convencimento sem sedução, mas quem seduz (focado num propósito) sempre convence. Posso convencer alguém pela insistência (cansaço) e até por meio da força; ou seja, sem seduzir.

Em qualquer relação onde há uma hierarquia, a própria verticalização de níveis de poder é um fator de convencimento ou facilitador deste. Se aceita, dentre outros motivos, pela ascensão inerente à hierarquia.

Seduzir é diferente. Seduzir é a arte do engodo, da artimanha, do ardil. É fazer com que acreditem na nossa verdade, vencer as resistências a determinada ideia ou comportamento.

Seduzir é como jogar xadrez: Ofereço-te a vantagem de uma torre e depois pego tua rainha. Faço-te gostar e desejar o que antes consideravas ruim, fora de propósito ou até abominável.


Seduzir é o convencimento 
através da astúcia e da inteligência

O sedutor não impõe, mas faz com que o seduzido queira, deseje e “imponha a si mesmo” recusando o princípio da sua realidade, em favor de uma aposta no devaneio que lhe é proposto.

Pensar BDSM sem estas coisas é um tanto esquisito, principalmente na ótica D/s. Há Dons e Dommes com um incrível poder de seduzir a quem cruze seus caminhos, suas potenciais “vitimas”. Entendo esta característica como condição “sine qua non” para, pelo menos, admirar alguém na condição de Top.
A relação sedutor/seduzido é algo extremamente prazeroso. Um jogo de estratégias onde as armas são as mentes dos envolvidos.

Normalmente quem seduz tem ciência do que faz, mas o outro lado nem sempre percebe de imediato. Porém, quando ambos têm a percepção desta ação, temos um embate que transcende até mesmo a lógica.


Há um sentimento sádico e masoquista 
que incita sedutor e seduzido respectivamente. 
Ambos se tornam reféns da perversão e da morbidez.

Ao sedutor interessa o poder, por isso seduz. O seduzido resiste à ação do primeiro e, desta forma, abandona a passividade inicial tornando-se, ainda que não percebendo, também sedutor.
A sedução iguala os dois lados. Não mais há sedutor ou seduzido, e ambos se permitem à sedução da SEDUÇÃO.

Escravos da Sedução 

Neste jogo ambos perdem a autenticidade 
e sabem que o oponente é também inautêntico. 

Somente seres "metamorfoseados" se entregam à sedução. 
É, portanto, um jogo onde a hipocrisia é fundamental!

A sedução não é privilégio de Tops ou submissos, mas sim de seres inteligentes, manipuladores, maquiavélicos. Reais dominadores independentemente do papel assumido no BDSM.
Normalmente vemos Tops exercendo a sedução sobre suas peças, mas não é raro haver situações em que se invertem os papéis. Afirmo hipocritamente sem duplo sentido.
Não vejo, contudo, demérito em tal situação. Afinal a inteligência é como a sombra. O sol nasce para todos, mas a sombra...

Ao sedutor resta, em tese, o gozo da intenção concretizada
ou uma possível nova realidade.

Ao seduzido, o gozo da entrega, 
ou um sabor diferente...

O regozijo, um direito de todos.


Werther von AY erschaffen
escravo submisso





4 comentários:

{Λїtą}_ŞT disse...

Nunca havia pensado a sedução por esse prisma. Brilhante texto, instigante.
Que venham mais textos do Werther.

Beijos

Unknown disse...

"Afinal a inteligência é como a sombra. O sol nasce para todos, mas a sombra..."

Olha, o amigo submisso de vcs, tem uma mente espetacular!!! Que texto!!!

Beijos!

{perséfone core}_DC

Anônimo disse...

Werther,
Amei ler seu texto.
Amei, amei e amei.
Seja pela colocação da situação dentro do bdsm e também porque impor opiniões é questão inerente do ser humano.
Bjinhos.
Bia de Melbor

Unknown disse...

Texto muito interessante e esclarecedor,de uma lucidez impressionante!Coisas que realmente percebemos na dinâmica da relação.Nenhuma das partes é ingênua,apenas finge não perceber os "ardis,o que torna o jogo ainda mais excitante.