27 de ago. de 2014

No corredor da morte


Se for verdade que tudo tem começo, meio e fim, no corredor da morte a submissa espera... 
Boca seca, coração apertado, olhos vidrados, ar gélido no peito.. Até que chegue sua hora.

Um dia saí cedo pra buscar a calopsita da minha amiga Dani que ficaria comigo uns tempos porque o macho fugiu e ela estava morrendo de tristeza. Só ficava piando de uma forma dolorosa e no fundo da gaiola... Nem no poleiro queria subir. Enfim, fui buscá-la com a missão de lhe devolver a vontade de viver. Se conseguisse resgatar sua alegria, poderia pensar sério na possibilidade de um trabalho voluntário com animais que sofreram algum trauma, que já se recuperaram fisicamente, mas que ainda estivessem sofrendo de tristeza... quem sabe não seria este o meu caminho?

Coloquei a gaiola sobre o banco do passageiro e, enquanto dirigia vim conversando com ela. Conversando sim, porque por várias vezes ela esperou que eu calasse para me responder com um piado triste de dar dó. Argumentei que nem tudo era dor, que se lembrasse dos dias felizes, do companheirismo... E tentei explicar que é dos homens a necessidade de “voar”... que eles precisam sempre tentar outros ares. Disse também que ele, onde estivesse, se ela tinha certeza de ter sido uma boa companheira, certamente não a esqueceria. Mas, ela só sabia lamentar... Piii tuuuuuuuu..... Piii tuuuuuuuu..... Piii tuuuuuuuu..... Eu compreendi... E vim pensando que, embora seja simplesmente divino ser mulher... (e se houver outras vidas quero sempre voltar mulher...), estamos todas condenadas ao sofrimento do amor... Sejamos lá o que formos: escravas, submissas, baunilhas... calopsitas.


É, minha amiga, nenhuma de nós passa impune.. Não mesmo. Algumas, com um instinto maior de sobrevivência, ao verem ceifadas suas relações logo engatam numa outra... Talvez numa tentativa de fugir da dor. Não é o meu caso. Preciso de um tempo pra digerir. Mas, acho que fazem até muito bem as que procuram logo outra pessoa... Já dizia minha avó: “Um amor só se cura com outro”... “Rei morto, Rei posto”. Não sei e nem vou julgar ninguém, cada um sabe de si e ninguém tem o direito de censurar. 

O fato é que, diferenças à parte, tanto faz se somos Paulas, Renatas, Valérias, Marias, ou até Ninas (nome da calopsita abandonada pelo macho), tanto faz também se somos escravas, submissas, cadelas, putas, meninas, brinquedos, masoquistas, baunilhas apimentadas ou sem pimenta... Até calopsitas... porque não? Mais cedo ou mais tarde estamos todas condenadas à dor. Tanto faz o estilo de vida, status sócio-econômico cultural, tanto faz a idade, ou o tipo físico, vivemos todas no corredor da morte.



Não, não sou dramática e muito menos pessimista, eu não espero o pior. Apenas parei pra pensar como dói lembrar que a qualquer momento tudo pode acabar. E não venha me dizer: "_Ah.. entao não pense nisso agora!" Te garanto que prefiro a lucidez, por mais que doa, do que viver no mundo da lua.

E me parece que quanto maior é a entrega e a doação de si mesma, maior será o sofrimento. Não mais estarmos ajoelhadas diante do Dono, não termos mais sua mão a segurar a guia da nossa coleira, nem sua vontade sobre a nossa. E não encontrarmos nossa imagem no espelho, porque no espelho tudo que veremos será a sua face amada, esta será uma dor impossível de se descrever.
Mas, por favor, não vamos nos ater ao sofrimento. Vamos pensar nas maravilhas de “pertencer”. E, se no corredor da morte o que nos acomete é uma dor infinda, o tempo de servidão, por mais breve que seja, nos permite viver o nirvana e compensará todas as dores presentes e futuras.



Eu trouxe a calopsita Nina pra minha casa. Dediquei à ela mais tempo do que normalmente dedico a cada um dos meus animais diariamente e a coloquei próxima ao viveiro onde tenho outras calopsitas e periquitos para que ela estabelecesse ligações de amizade com eles e desejassr se mudar pra lá. 

Por uns dias ela ficou pensativa... tímida. Mas, pouco tempo depois, a mudança pode ser feita para o viveiro e lá ela permaneceu por muitos anos... Piando... Piando... Mas, de alegria. Até um dia desencantar.




AmarYasmine do SR DIABLO

*sempre encantada por ELE*

21 de ago. de 2014

E o amor?

Quem leu este título deve ter imediatamente pensado em nuvenzinhas cor de rosa mas o assunto é um pouco mais complexo.

Amor e BDSM são compatíveis? Há quem diga que não. Alguns combatem ferozmente essa ideia e não sem razão. A busca primordial no BDSM deveria ser pelo prazer, pela libertação, pela quebra de tabus e paradigmas, pelo romper de limites e assim, ir além do imaginável no mundo dos prazeres. Alguns pensam inclusive que seria perfeito se as relações BDSM fossem desvinculadas de sentimentos, a busca pelo prazer seria bem menos complicada. O mergulho da entrega pode se dar quando existe confiança entre os parceiros.

Mas... e quando o sentimento simplesmente acontece?
O que resulta dessa mistura? É possível manter o nível de uma D/s quando o sentimento aparece? 
Cinquenta Tons à parte (porque donzelas virgens brincando de SM com príncipes encantados não entram nessa questão) não é incomum que pessoas que têm uma relação intensa e de alta cumplicidade como a D/s se apaixonem.



"Apaixonar-se pode ser mais científico do que você pensa, segundo uma pesquisa realizada pela Dra Stephanie Ortigue, da Universidade de Syracuse, nos Estados Unidos.
O estudo, uma revisão dos trabalhos anteriores sobre o amor, revelou que apaixonar-se pode provocar o mesmo sentimento de euforia que é causado pelo uso de cocaína, e também afeta áreas intelectuais do cérebro.
Os pesquisadores também descobriram que apaixonar-se é de uma rapidez estonteante: leva cerca de um quinto de segundo - isto mesmo, 0,2 segundo - para que uma pessoa fique irremediavelmente viciada no amor.
Os resultados do estudo foram publicados na revista Journal of Sexual Medicine.
Os resultados obtidos pela equipe da Dra Ortigue revelam que, quando uma pessoa se apaixona, 12 áreas do cérebro trabalham em conjunto para liberar químicos indutores de euforia, como dopamina, ocitocina e adrenalina.
O sentimento de amor também afeta funções cognitivas sofisticadas, tais como a representação mental, as metáforas e a imagem corporal.
Os resultados têm implicações importantes para a neurociência e para a pesquisa em saúde mental porque, quando o amor não é correspondido, ele pode se tornar uma causa significativa de estresse emocional e depressão..." (Leia mais em Base científica do Amor).

Independente das crenças, teorias e estudos sobre esse sentimento tão complexo, ele acontece. E pega de surpresa, sem chance de defesa e sem botão On/Off para desligar quando nos assalta.
Para amar basta ser humano e pensar que é possível controlar isso é tão imaturo quanto colocar estas relações SM em um nível apenas cor de rosa, romântico.
E estar em um relacionamento onde há entrega, cumplicidade, desejos, taras, fetiches, fantasias e a realização destas em comum, a chance é grande.

Como lidar com isso sem comprometer a relação? 
É difícil não se deixar afetar. A paixão e o amor trazem no pacote outros sentimentos nada saudáveis para uma D/s: ciúmes, insegurança, angústia, sentimentos de posse por parte do bottom. E o Top, caso se apaixone, pode passar a ter certas restrições em torturar o ser amado, em lhe causar dor física ou emocional, humilhá-lo, castigá-lo ou mesmo lidar com esses sentimentos do bottom...
Seria utópico afirmar que o sentimento possa ser ignorado, que tudo continue a ser como antes mas é possível sim manter um equilíbrio, rever novas formas de se relacionar e procurar ao máximo administrar a nova situação, mesclando esses dois mundos: o do sentimento e o do prazer sadomasoquista.

Cabe, a quem não quer perder o foco da D/s deixando que o lado SM da relação definhe, adaptar-se à nova situação com diálogo e um constante exame de consciência: "estou ainda desempenhando meu papel de sub/Dono ou deixando que o sentimento me afete?"... não parece fácil e realmente não é.
Alguns, quando assaltados pelo sentimento, acabam partindo para a relação baunilha e deixando, às vezes sem perceber,  a D/s se perder. Outros, mais temerosos pelos compromissos que o sentimento traz embutido, terminam a relação. Mas, quem se arrisca nessa tentativa pode ser agradavelmente surpreendido por uma relação rica e completa, cheia de dificuldades sim, com muitos desafios a enfrentar, mas deliciosa de se viver.





{Vita}_ST
 Feliz propriedade do Senhor da Torre

17 de ago. de 2014

O BDSM de cada um segundo suas obras.

Revendo alguns e-mails e tópicos discutidos em listas, a maioria já extinta e outras em franca agonia, com a criação de formas outras de mídia, como as ditas redes sociais, pude perceber o quanto incomodava às pessoas adeptas do BDSM, nem todas, é claro, o fato de estarmos classificados como parafilia, no famoso CID, o CID 10.

Particularmente, nunca entendi a isto como um problema. Não deixei minhas convicções em relação ao BDSM mudarem por aquilo que diz a cartilha da “Ciência”, ou da “Sociedade” em que vivemos. Se mudei, foi em função do que aprendi com as pessoas sérias que conheci, e deduzindo do que vivenciei. Minha cartilha sou eu e os meus princípios, estas são as minhas verdades; salvo quando estou sob o Domínio de alguma Rainha (séria). Então, obedeço e sigo as verdades e convicções Dela, como atualmente.



O BDSM sempre foi praticado de uma forma velada e fechada, um meio bastante intimista onde qualquer um pode ser livre para (pelo menos em tese, poderia) dar vazão às suas fantasias e preferências. O parênteses deve-se ao fato que, mesmo dentro desta seara há quem critique A ou B, por discordar da sua visão, o que (novamente, em tese) não deveria acontecer. Isto foi patente em várias ocasiões, nas listas.
Aliás, este foi um fator preponderante para a iniciar um êxodo e uma consequente derrocada das listas.

Foi nelas que presenciei muita discussão boba, tipo – O meu BDSM é diferente, ou - Isto não é BDSM. 
Porra! BDSM é o que os envolvidos (Top/sub) fazem, e pronto. Se eles dizem que este é o BDSM deles, quem de nós, cá de fora, pode opinar na senzala alheia!?
Ou então, coisas como questionar a capacidade de um Switcher em dominar. Quem sabe disso é que a ele serve,  como sub.

E tantas outras bobagens como - Top não pode isso! Ora, se não pode, então não é Top. 
Enfim, coisas realmente bobas, idiotas mesmo, que realmente só serviram para afastar muita gente do meio.
Faltou Maturidade, Ética, Educação, Bom senso,..... E sobrou Ignorância, Preconceito, Egocentrismo, Babaquice mesmo.....

Somos todos marginalizados!
O BDSM, hoje, pode ser entendido como um grande guarda chuva que abriga as diversas nuances de comportamento, fetiche e sexualidade, que coexistem, respeitando-se (?) mutuamente. Não é o que se vê, e não é, ainda, o melhor dos mundos, mas isto pode vir a acontecer. 
Confesso que nunca entendi bem, por que motivo muitos se incomodavam com esta situação de “excentricidade”, para eufemizar um pouco, com a qual nos rotulam.

BDSM é como o Sexo, então a gente não sai por aí, que nem cachorro, fornicando à luz do dia, ou em cada esquina, para quem quiser ver. Se as sessões e/ou Plays configuram um espaço só nosso, então porque tanto alvoroço em relação à crítica da sociedade? E o pior é que só criticam aquilo que nós mesmos deixamos transparecer!

Eu não preciso sair pelas ruas vestido em couro, ou com uma grande coleira no pescoço para dizer que sou BDSM, ou que sirvo a uma Rainha. Sirvo, Ela sabe, eu sei, e pelo menos, por agora, é o que basta.             Salvo alguma situação tipo humilhação pública, entendo isto apenas como uma demonstração de Exibicionismo. 

Entendo, mas não me afino, a quaisquer (desnecessários) arroubos de Exibicionismo/Vaidade, por parte de alguns, mas repito - quem tem que saber disto são apenas as pessoas envolvidas na prática.
Que as pessoas “ditas normais” tenham qualquer reação como estas, é perfeitamente normal e aceitável, até mesmo pelo desconhecer, pela curiosidade, por ser novidade…., coisas como o efeito 50 tons de cinza. Coisas que não se aplicam a quem é do meio.

E sempre que havia alguma menção ao BDSM na mídia (televisiva), era seguida por um “frenesi” sem explicação; muitas vezes motivado pela vaidade de ser citado/mostrado, outras pelo descontentamento decorrente das críticas, como no caso de uma reportagem feita num antigo espaço em São Paulo (V * * * * * a). Na época, criticaram principalmente as condições de higiene do local.

Evocando o Existencialismo de Sartre, que reza sermos condenados à liberdade, e responsáveis por nossa existência; deduzo que o a realidade do BDSM, hoje, que não é percebido como um conceito, estilo de vida, ou como algo coletivo, seja mera consequência das nossas ações e do pensar (?) pequeno, que ainda exercemos.

Vamos ver o que o destino – que nós mesmos traçamos – nos reserva. Talvez, no uso da nossa liberdade, consigamos ver a real necessidade de pensar.



Werther von AY erschaffen.

12 de ago. de 2014

UM DOMINADOR ENSINA

Um pouco de etiqueta virtual não faz mal



Quando fui convidado por uma encantadora moça para escrever para este blog perguntei porque justo eu, um ilustre desconhecido. Ao que ela respondeu... Justamente por isso, Senhor. Porque o Senhor é um desconhecido ilustre.
Não resisti a tal argumento, dito tão graciosamente (risos).
Mas faltava ainda o assunto. Falar sobre o que? Ela tinha outra resposta objetiva... Fale sobre o que o encanta ou o que o desagrada, Senhor.

Falarei em outra ocasião sobre o que me encanta e embora pouca coisa me incomode no que diz respeito ao BDSM, será este o assunto. 
Vivo-o da maneira que acredito e me perdoem aqueles que fazem questão de agradar a todos, tenho meus conceitos do que é verdadeiro ou falso, do que considero válido e justo e nada muda isso. Mas não costumo me incomodar com as verdades alheias, mesmo que elas não sejam tão verdadeiras quanto as minhas (risos). Afinal, cada um tem direito a sua verdade e isso não influencia minha vivência.

Mas o que me desagrada realmente, e aqui é que começa meu assunto, é a falta de etiqueta e de bom senso nas redes sociais, mais especificamente o Facebook onde acabei por desfazer meu perfil justamente por essas questões que apresentarei adiante. Óbvio que isso não é algo que aconteça só em nosso meio mas é onde noto que acontece com mais frequência.

Não bastassem os contatos nos bombardearem continuamente com informações pouco interessantes acerca de cada coisa que fazem durante o dia, como se o perfil fosse um diário onde anotam compromissos, existem as marcações, estas sim, o pior dos incômodos.
A mocinha deseja dar bom dia aos amigos e marca você e mais 438 amigos. E como se não bastasse enfeitar os perfis de outros com coraçõezinhos e flores, fica-se recebendo notificações de cada um dos 438 amigos restantes que ela marcou a cada vez que um deles comenta ou curte tal publicação.

Dar bom dia, boa tarde, boa noite é sinal de educação e gentileza. A intenção acredito ser a melhor possível. Mas marcar pessoas, além de não ser polido, é invasivo. Encher os perfis de outras pessoas de coisas que você gostou e achou bonitas também. Pode ser que elas não tenham o mesmo gosto que você.
E o mais grave é que algumas pessoas, não contentes em bombardear com mensagens os perfis alheios, o fazem colocando fotos suas. Imaginemos a situação de um Dom que esteja interessado em uma submissa e aparece com a foto de uma outra enfeitando seu perfil, sem que ele a tenha colocado lá e sim porque a colocaram sem sua permissão. Não que se deva essa exclusividade, mas é um cuidado, uma gentileza para com a pessoa com a qual se está conversando. Portanto, até para ser gentil é preciso ter bom senso.



Então, seja educada. Cumprimente seus amigos em seu próprio perfil. Eles, agradecidos, irão até lá retribuir sua gentileza e essa reciprocidade espontânea será muito mais válida que se, por obrigação, tiverem que curtir ou comentar seu cumprimento porque você o colocou sem autorização em seus perfis.

Outro grande incômodo são os grupos. Sem nunca ter me agregado a nenhum de repente me dei conta de que fazia parte de uma infinidade de grupos que não tinham nada a ver comigo e meus ideais, onde me adicionaram sem me consultar ou ao menos tentar saber minha opinião a respeito. E lá vinham mais notificações de pessoas que publicaram bons dias, boas tardes e boas noites nesses grupos ondem nem sequer sabia que participava.
Seu grupo pode ser muito importante para você mas para adicionar pessoas, consulte-as primeiro para saber se elas querem estar lá, se estão interessadas em participar. Agregar pessoas sem o consentimentos destas é invasivo e desrespeitoso.

Além disso há as disputas infantis do que se dizem Dons ameaçando seus oponentes de serem expulsos do meio, de estarem de posse de seus IP's, de investigações da PF, numa demonstração de infantilidade digna de 3ª série - primária.
Se você tem alguma questão a ser resolvida com alguém, aja como homem e procure a pessoa. Trocar farpas nos perfis só demonstra imaturidade e total falta de seriedade e bom senso. Ninguém tem nada a ver com suas pendências pessoais e bater boca na linha do tempo não te faz mais homem, nem mais Dom, nem mais nada. Só comprova que você não aprendeu que homens adultos não batem boca como comadres, principalmente fazendo ameaças infantis e tolas.

E, finalmente, o plágio. Alguns usam sem pudor textos de terceiros, autores famosos ou não, sem dar os devidos créditos. E ainda agradecem quando recebem os parabéns, apropriando-se da obra alheia como se suas fossem. 
Ao publicar o texto de alguém, dê os devidos créditos. É mais honroso que receber elogios por algo que não é seu. Sempre haverá alguém que conhece aquela obra e saberá que você a copiou e está vergonhosamente surrupiando a ideia alheia.

Longe de ser uma critica destrutiva ou mordaz, gostaria que isto fosse encarado como um lembrete. Seu direito termina onde começa o dos outros. Você pode fazer qualquer coisa em seu perfil, ele é seu. Mas respeite o dos outros, não invada, não se aproprie sem pedir licença. É nos pequenos atos que se reconhece a boa, ou má, educação de alguém.

William Gama - Dom

6 de ago. de 2014

Relações D/s



Relações D/s. 
Um assunto complicado... mas qual relação intima não é? No entanto, em se tratando de BDSM, a responsabilidade de A/ambos triplica.

Meu intuito não é ditar regras, construir cartilhas ou levantar bandeiras. O BDSM tem as suas já ditadas pela prória hierarquia nas relações. Tenho apenas a intenção de divagar sobre o estilo de vivenciar as relações BDSMistas, mais conhecidas como D/s. Sempre existindo o consenso do respeito, sobretudo no tocante à consideração entre os E/envolvidos.

Cada relação é única, assim como as pessoas que as vivenciam. Esta não é a questão, é ponto indiscutível. No entanto, temos um leque muito grande de relações no meio.

Vemos, nas exceções, submissas sendo tratadas como seres humanos, sendo respeitadas e cuidadas por seus Donos. Donos, também, com atitudes de respeito e consideração para com suas peças.

E, numa grande maioria de relações, geralmente, da parte submissa, o que tenho visto é uma entrega solitária, vazia, em nome da submissão.

Pontualmente aqui, não cabem julgamentos no que tange a falta de sorte, desconhecimento do parceiro, pressa e/ou afobação. Falo de ausência de humanidade, ausência de respeito para com o outro numa relação BDSM.

Acredito que submissa é aquela que coloca as vontades do Outro acima das suas. Além de ofertar prazer incontestavelmente, é de uma total abnegação de vontades. E tem o seu prazer alimentado, nesse ciclo de desprendimento, de resignação, de dedicação, de amor e devoção ao Dono.

Tanto as submissas, escravas, masocas, pets e afins, não são obrigadas a servirem, é verdade, o fazem por suas próprias necessidades e realização. No entanto, isso não justifica que o Dono se mostre indiferente e negligencie a entrega, apenas pelo fato de ser Dominador.

Não falo de cobranças e exigências, algo inconcebível em uma submissa, mas em consideração, visto que essas relações são humanas e como tais, necessitam do respeito de parte a parte.

É sabido pelos grandes Homens que habitam o mundo do BDSM, que Dominação não tem a ver com ausência de humanidade. Sabem que devem ter responsabilidades divididas, ambos devem caminhar no mesmo sentido buscando sempre cuidado, atenção, cumplicidade, carinho e proteção mútuos para o bem estar do C/casal. Para J/juntos desfrutarem dessa inebriante troca de prazeres.

Especificamente, em uma relação SM, submissas esperam ao menos ter sobre si o olhar do Dono, precisam ver o brilho dos olhos Dele ao obedecerem a uma ordem, ficar um dia inteiro nas nuvens com um simples afago...e Estes querem alguém que atenda às suas vontades, além do prazer em ver essas vontades sendo espelhadas e, muitas vezes, amplificadas na submissa.

Em meu modesto entendimento, acredito que a relação D/s necessita ser fundamentada no respeito, na cumplicidade, na confiança, no cuidado, na responsabilidade e no bom senso dos E/envolvidos para que possa existir, ser praticada e vivenciada com desejos, sedução, felicidade e segurança. 




ternura εïз

1 de ago. de 2014

UMA LIBERTINA ENSINA...PRAZER!


O que pode uma libertina ensinar no BDSM? Meu conceito inicial é antagônico às bases primordiais da relação BSDM: posse e propriedade! Mas depois de uma década (con)vivendo com este universo pude mais uma vez perceber o quanto esse antagonismo me faz pertencer a esse muuuundo de dor&prazer!
Obovinamente para os vem aqui na busca da dor e dominação nunca serei parte primeira, serei a desviante, uma espécie de gene malformado. Até aqui o nick que me escolheu apropria-se quando me olham e dizem: é uma vaca mesmo! *sorrio*


Ser uma libertina, hedonista me faz estar no BDSM em busca exclusiva do prazer... e não é no fundo da ‘caixa de pandora’ o que todos buscamos? Ou deveríamos...
BDSM é antes de tudo a busca do prazer no sadomasoquismo (e seus inúmeros afins...). No meu olhar ruminante todos buscam (o prazer) a dor física ou emocional quando se vinculam e esse universo. Porque a dominação&submissão são pertinentes ao universo de dor quando intrinsecamente restringem a liberdade – bem primeiro do ser humano (pessoalmente sou incapaz de me abster da minha liberdade... meu limite... minha limitação).


Mas foi aqui que descobri a verdadeira liberdade de SER. É na relação BDSM que encontro a minha mais perfeita liberdade, é me curvando e me submetendo ao desejo do outro, me deixando aprisionar por suas cordas, me sentindo incapaz de desejar por mim mesma, por conhecer a intensidade do desejo Dele que me reconheço unida ao universo. Aqui no BDSM vou além, posso me permitir ser vadia, desgovernada, insaciável, extrema, pervertida... perversa.


O BDSM me tornou dona de minha vontade, do meu desejo, da minha libido... e só na posse do que parece incontrolável fui capaz de experimentar a entrega absoluta àquele(s) que num lampejo racional seriam os únicos não merecedores dessa confiança extremada. Homens insanos, sádicos, controladores... malvados crônicos que buscam todo o tempo a melhor (e pior) forma de lhe torturar...extraindo seu gozo mais dolorido e mais perfeito (mas somente quanto unida a todas essas características se faz presente confiança admiração pela capacidade de dominação deles, dominando a si mesmos).


Uma fila imensa de fodedores não consegue lhe oferecer o cansaço físico e mental que a tortura sexual (sexual porque lhe encaminha ao gozo... mesmo quando controlado) que toma. O extremo das sensações, e emoções que lhe faz estar sempre ali... a mercê do algoz... porque deseja, porque quer, porque É.
Aprendi que é preciso ser BDSM, sentir e respirar fundo no desejo intenso de ser tomada de tudo que lhe pertence (no seu ser... nao nos seus pertences), testar seus limites, descobrir-se mais e mais pervertida, insana, Capaz! Ao olhar de fora voce realmente desacredita que foi voce... mas foi... e gostou! Gostar verdadeiramente é a chave que te responde a todos as questões que lhe assomam da sua insanidade de se deixar amarrar, chicotear, vendar, pisar, cuspir...e todos os demais verbos que aludem a sua imaginação quando se pensa nas mãos de um algoz. Eu adoro o USAR...pra mim traz todos os demais agregados. Não importa quais sejam... use-me para o seu prazer... isso fará meu prazer mais completo, intenso e explosivo.


Se há algo que eu tenha a dizer a qualquer pessoa que adentre nosso tão delicioso universo é ame o que faz.... permita-se e se permita... seja voce inteiramente. Nenhuma entrega é completa e inteira se não for de almas – ambas – se voce não se expor completamente, direito e avesso. Não basta arreganhar um cú, como prova de submissão, é preciso escancarar a mente....despir-se dos julgamentos, do certo e errado, do disfarce das imperfeições... e escancarar seu bem e seu mal.



Não há relação BDSM escondidinha, perfeitinha, arrumadinha... relação BDSM é total, é plenitude,, é te amar porque te odeio e te odiar porque te amuuu (e me amuuu).
É incrível e maravilhoso... sem dúvida... mas é antes de tudo universo das dores, do mal (esqueça os conceitos arraigados, mal não é sinônimo de ruim, é parte de todos nós) transmutado em prazer! Olhe de frente e encare isso... ou vai ser muuuuito difícil não se frustrar!
sMUUUUUUacks libertinos

As fotos desta postagem pertencem ao arquivo pessoal de Vaca Profana

Vaca Profana