27 de nov. de 2014

UM DOMINADOR ACONSELHA

Conselhos a uma submissa.

Dicas para chegar ao bottom do poço.


Não desobedeça ordens, mesmo que elas apresentem alguma lacuna. Descubra sempre o que seu Top quer de você com a ordem e atenda, mesmo que você tenha que fazer adaptações. Observe o espírito geral dos comandos e seja criativa. Você não é um robô. Isso fará com que ele compreenda que suas ordens são obedecidas com seu coração.

Não se torne enfadonha para seu Dono. Perceba do que ele gosta, como gosta e invista em ser uma alegria para Ele. Se o seu mecanismo mental for submisso isso fará bem a você mesma no final. Você está buscando uma relação de entrega, dedique algum tempo à submissão voluntária.

Não tenha modos vaidosos, acostume-se a escrever e a pensar em você como puta, posse e fêmea Dele. Sem essa de manter um monte de orgulhos escondidos. Numa relação de Dominação o orgulho é como calo, dói o tempo todo. Trabalhe contra qualquer soberba para realmente servir com verdade. Não fique se protegendo atrás de preconceitos. Não seja hipócrita, você sabe em que tipo de relação está.

Ao mesmo tempo, te é facultado ter profundo orgulho da tua submissão. Isso é belo e deve ser a tua maior vaidade. Há maneiras orgulhosas de portar uma coleira. Orgulhar-se sinceramente da própria submissão é saber que você é uma grande mulher.



Não conte segredos de seu Dom ou de sua relação a ninguém do meio. Você não pode proteger seu Top do julgamento de terceiros uma vez que tenha aberto a boca. Você só deve falar com terceiros detalhes do que acontece entre vocês se houver algum abuso ou se você se sentir em perigo. Evite fofocas. Uma puta sub não coloca seu Dono no meio de confusão. Isso não significa que você não deva dialogar sobre BDSM com terceiros, mas que você deve ter em mente a fina linha entre discutir e fofocar.

Não cobre, não aperte, não pressione. Não se torne uma chata e reclamona fora dos limites que foram estabelecidos na negociação. As pessoas colocam tudo a perder com essa mania de pretender que alguém se comprometa mais através de pressões. Deixe o nível de comprometimento aumentar conforme a relação fica boa. Naturalmente.

Quando estiver em uma festa ou em um ambiente SM esteja sempre com sua coleira. Não interrompa ou discorde de seu Dono na frente dos outros. Não inicie contato físico com outros Tops, nem os cumprimente com beijinhos; um aperto de mãos vai servir. Ele pode corrigir sua conduta, mas não pode alterar a vergonha que você o faça passar em uma situação dessas. Se comportar mal significará a todos os presentes que seu Dono não possui ou não exerce adequadamente sua autoridade sobre você. É a honra Dele que está sendo medida por suas atitudes.

Aprenda a ser amada. As submissas recebem grandes doses de amor e carinho, geralmente. Os códigos podem ser diferentes dos de uma relação baunilha, mas fato é que você não é uma mera boneca inflável e seu Dono não é tão insensível quanto possa parecer com um chicote na mão. Uma relação de Dominação é mais intensa em tudo: a verdade entre os dois aparece, o sexo é melhor, as pessoas se conhecem ao invés de fingir. Aprenda a ver a beleza dos pequenos gestos, senão você não vai entender nada sobre o que é essa vivência.


Dialogue francamente com seu Top. Se você não disser, talvez Ele não consiga adivinhar. Há momento adequado para tudo, inclusive para críticas e manifestações de desconforto. Cabe a você escolher a melhor forma, a maneira ideal de dizer as coisas. Em uma relação de Dominação a forma como você dá a informação a seu parceiro é tão importante quanto o conteúdo. A fórmula é: verdade sempre com arrogância zero. Entenda sua posição na hora de formular suas críticas.

Cobre de seu Dono que Ele seja coerente. Se a submissa está em constante evolução, é certo que isso também se aplica aos Dons. Sobre quais valores está fundada a Dominação Dele? É um direito seu demandar que Ele seja coerente com o que prega. Essa é uma enorme dificuldade da posição de poder. É difícil pra cacete merecer a entrega da sub o tempo todo. E aqui cabe uma digressão.

Quando uma submissa erra ou age mal ela é punida e aprende a não repetir o erro. E o que acontece com Dons verdadeiros quando Eles próprios erram? Eles se punem e são cruéis consigo mesmos, acredite. O ridículo é intolerável para a posição que tomamos para nós. Mesmo assim, todo Dono errará muito. E bons Donos se sentirão muito culpados pelos erros graves que cometem. Na minha opinião estabelecer autoridade moral verdadeira sobre uma mulher é quase como esculpir em vidro: um simples erro pode destruir tudo. É fácil imaginar o que acontece com a autoridade moral Dominadora se ela é pega em mentira grave, por exemplo.

Não há paradoxo entre ser submissa e cobrar (não como inimiga, mas como quem quer incentivar a evolução de seu parceiro) que seu Dono seja coerente. Esse nível subliminar de cobrança é como se a submissa dissesse: “Eu sou tua cadela, teu bichinho de estimação e meu corpo te pertence. Mas você tem que ser forte e me passar segurança para que eu possa me abrir completamente”. A demanda da submissa é justíssima, nesse caso. Se seu Dono é alguém corajoso e honrado, incentive essas características, por exemplo. Quando Ele não agir dessa forma, dialogue para entender suas razões e procure ajuda-lo para que Ele retome o caminho de sua própria evolução. Repare nas evoluções e mudanças de seu Top.



Cultive amor genuíno pelo Dono. Sei que isso não é um conselho comum no meio, mas eu diria que todo Top é um vampiro das emoções que são emanadas em sua direção. Não estou falando de amor romântico com jantares á luz de velas. Mas realmente creio que só há sentido na submissão se houver algum sentimento que dê liga as sensações sexuais. O amor re-significa as atitudes dentro do sexo. Amar seu Dono não é algo que atrapalha, como muita gente diz por aí. Dominação é como qualquer outra relação da vida da gente: os laços se reforçam ou se desfazem de acordo com os sentimentos de cada um. Não se trata de um jogo sexual de bater e apanhar: Dominação nos permite vivenciar experiências afetivas únicas.

Entenda a humilhação como um processo de afirmação da autoridade de seu Dono sobre você. Descubra seu tesão nisto. Não se trata de agressão contra sua auto-estima. Ficar babando de quatro com um gag na boca enquanto apanha na bunda significa muito mais o poder Dele sobre sua cadela do que um motivo para você ficar grilada e correr pra um analista. Procure trabalhar eroticamente suas sensações. Se você está nas mãos de um bom Dono, você vai entender que a humilhação te torna mais Dele e muito mais bonita.

Leia sobre Dominação e discuta com seu Top. Isso pode enriquecer a experiência dos dois. Acredite, há muita coisa a ser aprendida sempre. Não se acomode com o que você já sabe.

Conheça seu Dono o melhor possível. Conheça o prazer de seu Dono mais que Ele mesmo. Dominação é um processo erótico a partir do qual se vivenciam grandes experiências afetivas. Sexo está no centro da sua relação. Que submissa poderia pretender ser amada no exercício de sua função sem compreender os detalhes da sexualidade de seu Top? O seu prazer certamente será maior se perceber que sua submissão atende os desejos Dele. Aprenda sempre sobre Ele e sobre como é bom vê-lo satisfeito. Tenha orgulho submisso em ser uma boa puta para quem merece que você seja.

Não minta, não enrole, não traia a negociação. Isso é fatal.


Seja honesta com seus limites e não confunda seu amor com sua submissão. Não force seus limites em nome de seu amor ou com a intenção de agradar e fortalecer seu vínculo. Quando estiver preparada para uma prática, esteja preparada dentro de si mesma e por você mesma. Há muita diferença entre uma mulher apaixonada que topa tudo para continuar próxima e uma submissa de verdade. Nós não somos idiotas e percebemos se você está se forçando em nome de seu amor.

Perdoe a si própria e perdoe seu Top. Erros vão sempre acontecer e muitas vezes eles serão graves. Seja generosa.


Confie na condução de seu Dono. Ele provavelmente terá o bom senso de conhecer suas necessidades e limites antes de intensificar qualquer coisa. Não tenha medo de apanhar muito ou fique apressada em apanhar mais. Deixe que Ele conheça seu corpo e seus limites com o tempo. O encaixe é natural. Provavelmente o Top vai cuidar de você direitinho e tudo vai ser sempre mais lento do que você gostaria, até. É uma obrigação Dele zelar para que você não tenha uma experiência física ou emocional mais forte do que esteja apta a suportar. Se o cara exagera, pule fora da relação. Bons Dons são zelosos de suas peças e geralmente tem comportamento gradual e responsável.

Obedeça com alma e coração; se antecipe. É mentira dizer que submissão é passividade. Alguém espalhou esse boato idiota e muita gente acredita. As maiores submissas são grandes conselheiras e verdadeiras Valquírias na defesa da Casa de seu Senhor. E é assim que uma mulher pode, através da sua fragilidade, tornar-se o tesouro mais precioso para um homem forte.



Marte
Dominador, RJ


Texto publicado no blog O Sagrado Masculino e gentilmente cedido pelo autor para publicação neste blog.

22 de nov. de 2014

Cadência D/s

Clique no play para ouvir a música

Há algum tempo atrás, ouvindo a delicadeza de um violino, me pus a pensar sobre o comportamento de uma submissa.
E hoje, tive a mesmíssima impressão - o de misturar músicas com BDSM, rsrs.
Sei que a maioria dos brasileiros não possuem muita afinidade com a música clássica, mas suas características sonoras impecáveis, são as que mais me fazem divagar - entre música e devassidão.


Percebam a cadência perfeita das notas, a calma, a precisão, a dedicação desprendida.
Sintam a expressão dos músicos, em busca da excelência, da ultrapassagem dos limites. O prazer estampado nas feições.
Observem o modo como o Maestro dita as regras e conduz os músicos a um deleite inimaginável de sons...e porque não dizer? De pura poesia. Ele conduz e, os músicos o seguem, com a vontade e precisão de seus reais desejos, não há melindres ou comportamentos fabricados. Ou é ou não é.

Mas convém lembrar, que tais músicos estudaram praticamente uma vida inteira, para atingir esse estágio de compreensão, essa simbiose entre Maestro e os mesmos.
...
Agora muitos vão se perguntar. E o que isso tem a ver com BDSM, perséfone, sua doida???
TUDO. Absolutamente tudo!!!



Pois BDSM pra mim, ultrapassa o nível das mediocridades humanas, é prazer cru, pervertido e insano, que pode nos levar a níveis mais altos do êxtase - enquanto nos permitimos caminhar por ele, superar/buscar e sair da zona de conforto.

A cadência da submissa...ela trilha um caminho tímido e medroso no início de sua jornada, ela é uma névoa disforme, quase imperceptível...uma doce e sincera mulher, que deseja com uma urgência feroz, ser levada a outros patamares do prazer desmedido, como as notas crescentes de uma orquestra bem treinada. E pacientemente, vai tomando forma.

A figura do verdadeiro Dominador, o Maestro que rege essa mulher intensa, que com sua habilidade/sensibilidade, tirará notas cada vez mais complexas dela...é um processo, um caminho, uma vontade de prosseguir. Qualquer falha Dele ou dela, será preciso parar todo um processo, e recomeçar. Como acontece na relação de qualquer natureza. E quando se tem vontade.


A lógica de tudo: o cuidado. Imediatismos/insensatez e despreparo, não cabem aqui. Como na orquestra, rs. >.<

E gozo dos D/dois, o ápice "musical". O objetivo que juntos, atingem. A/ambos, uma verdadeira simbiose.
Tudo não parece o intenso Bolero de Ravel???
Hum?
:)




perséfone-core
submissa, SP


17 de nov. de 2014

Amor de escrava!


- Já disse que TE amo?

Sempre faço essa pergunta ao meu DONO e ele sempre responde de forma carinhosa, dando-me oportunidade para demonstrar meus sentimentos mais puros... mas, pensando bem: que amor é esse?

O meu amor é “Amor de Escrava” , e amor de escrava é um amor gigante. É louco o amor de uma escrava... É forte, intenso, incondicional, despudorado, desmedido, escancarado... é um amor real...
Amor de escrava é amor sem a cobrança do ciúme, sem a marca registrada do compromisso, sem a dor da insegurança. É amor de verdade. Amor ágape. Amor divino...sublime.

Uma escrava quando ama supera limites, entrega-se por inteiro, admira seu Senhor, lê as entrelinhas da relação e chora de prazer, obedece ao olhar, agradece o castigo, quer ser melhor a cada instante e na maioria das vezes consegue ser...

Mas não se engane... O verdadeiro amor de escrava passa por constante mutação. É raro, e se não for cultivado diariamente pode ser perdido sem qualquer explicação.

Não se ama um amor de escrava da noite para o dia... é preciso estar disposta a ser melhor, eliminar conceitos e preconceitos baunilhas e entregar-se ao que vier, mas como tudo tem um preço... o amor de escrava não é um amor âncora... não fica preso eternamente.
Amor de escrava é amor libertino, não disfarça o tesão selvagem e sempre pronto. É oferecido está sempre "aberto" para receber o que escorre pelas pernas, o que vem da saliva, da chuva...
O amor de escrava é tão perfeito que tem vários sinônimos: devoção, obediência, desprendimento, confiança.
Entender o significado desse amor deu-me um rumo definido nesta minha caminhada. 

Obrigada, Senhor ALDO, por fazer-me acreditar na beleza e nas dores de amar como uma escrava, mas principalmente, por conceder-me a honra de entregar esse amor ao Senhor.


TUA escrava apaixonada.

{myrAh} de ALDO


* Texto publicado no blog Nos Jardins de {myrah} de ALDO e gentilmente cedido pela autora e seu Dono para publicação neste blog.

11 de nov. de 2014

Por uma única vez...


O dia da sessão aconteceu. Não era ainda a sessão de encoleiramento, nem sabia se teria uma, era tão somente e apenas uma sessão de conhecimento. De reconhecimento de afinidades…(afinidades físicas, talvez).

A submissa de alma, de momento, de ocasião, seja lá como ela se definia, estava lá pronta pra vivenciar fantasias.

Estando lá  fez  todo o possível e, como muitas de nós, na maioria das vezes, o impossível para agradar o pretenso Dono.

No entanto, o ‘agrado’ tão almejado por ela, não aconteceu. Contrariando todas as afirmações das conversas virtuais, aquelas mesmas em que já era considerada posse Dele, por Ele.

Ela não superou as expectativas Dele… as dela não foram levadas em consideração,.. ora ora ela é apenas uma, mais uma, ‘submissa’.

Na volta pra casa lembra inquieta e angustiada daquela hora em que se desequilibrou e saiu por segundos da posição, lembra também o momento do olhar, quando olhou nos olhos do Dom e não era pra olhar ou seria pra olhar e  tímida ela não olhou… Sem contar que a textura de sua pele, a cor da de seus olhos e  a espessura dos fios de seu cabelo, definitivamente,  não eram o que Ele esperava. Mas…

Por meio de uma única e, exclusiva vez, não O agradou

Que importa se ela mexeu em sua agenda, comprou lingerie nova,  fez barba cabelo e bigode, fez tudo para agradá-lO? Mas…

Por meio de uma única e, exclusiva vez, não O agradou

A menina O honrou, O idolatrou, estava ali a mercê Dele. Entregue, nua e aberta, para os desejos e a realização Dele. Mas…

Por meio de uma única e, exclusiva vez, não O agradou

De uma maneira, mais pontual, temos o significado do agradar: Contentar, satisfazer, causar prazer. De uma forma informal podemos dizer também: fazer carinhos, afagar.

Do jeito submisso de ser,  a menina  venceu seus medos, despojou suas vontades, ofereceu sua essência, escancarou sua alma, se preparou emocional e fisicamente para tal encontro, para tal vivência…fez tudo para agradá-lO, para satisfazê-lO, para dar-LhE prazer. Mas  o que dizer quando:

Por meio de uma única e, exclusiva vez, ela não O agradou.



ternura εïз

7 de nov. de 2014

UM DOMINADOR CONSIDERA

Sobre disciplina



Quanto mais eu construo uma crença libertária compatível com minha sexualidade, mais severo me torno como Dono. Se todo desejo é uma perversão de um valor nobre, quanto mais liberto você é; mais perverso você será caso se permita.
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Nunca fui tão exigente em relação a disciplina como tenho sentido necessidade de ser. Comigo mesmo e em relação a qualquer pessoa com a qual venha a me relacionar. Isso é um sinal inegável de alguma espécie de procura fina, já não me servem as belezas indomadas, as que não se curvam. Eu só vejo riqueza no que posso investigar a meu modo. Decifrar e devorar. No que me é dado voluntariamente e com mansidão. Perdi o interesse em disputar palmo a palmo essas confianças; ou elas são dadas ou não são. No fundo é assim que funciona.
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Uma vez entendidos os limites de cada um não pode haver fricção acerca dos papéis; porque essas disputas destroem a beleza da cooperação todinha. Quem dá poder a seu Dono é você, no final das contas.
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As pessoas acham que pervertidos são caras que se excitam com qualquer coisa. Sacanagem com os pervertidos. Na verdade é o contrário, pervertidos precisam de estímulos tão específicos e incomuns para se excitarem que sua sexualidade é muito menos abrangente e muito mais profunda que a de pessoas médias. Portanto a maneira de nos atingir tem que ser profunda, não generalizante. E assim, de nossa parte, respondemos com profundidade. E as coisas funcionam.
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Disciplina tem a ver com a profundidade da entrega. Com o sentido do ato de ver-se disciplinada, psicológica ou fisicamente, muito mais do que com o ato físico propriamente. A disciplina é a prova de submissão voluntária.
A aceitação da violação se materializa na disciplina. E a disciplina é a oportunidade da submissa demonstrar uma série de coisas a seu Dono; profundas, sobre o tamanho da sua entrega.
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Se há aceitação emocional da figura violadora pra além da aceitação sexual; isso é como dizer eu te amo na literatura do Marquês de Sade. A beleza disso é única e só quem já viveu momentos assim sabe.
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Disciplina é muito mais que obediência. E muito melhor.

Marte
Dominador, RJ


Texto publicado no blog O Sagrado Masculino e gentilmente cedido pelo autor para publicação neste blog.
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3 de nov. de 2014

Quando a senzala cresce


A ideia aqui não é mais uma discussão sobre o assunto, quem gosta e quem não gosta, aceita ou não aceita, já teve ou nunca terá irmã de coleira.
A intenção é refletir sobre o papel de uma das envolvidas em um relacionamento a três: a primeira escrava.
Por primeira entenda-se a mais antiga, a que chegou primeiro ao canil ou senzala, a que já estava servindo ao Dominador quando da chegada de uma possível irmã de coleira.
É, na minha opinião, o papel mais difícil, o mais desconfortável e o mais delicado nesse momento pelas várias responsabilidades que recaem sobre essa escrava.
Por menos atribuições que o Dono lhe dê em relação a nova aquisição, ela tem o dever de contribuir para que a nova relação dê certo. Sendo assim, precisa ser vigilante com seus atos, com suas palavras, para que não seja mal interpretada em suas intenções... por uma coisa mínima pode-se melindrar a outra ou até mesmo passar a impressão de estar trabalhando contra, o que é muito comum pensarem da mais antiga. Somos responsáveis pelo que fazemos e dizemos, nunca pelo que os outros entendem mas, nesse caso, é um pisar em ovos o tempo inteiro, ter que ser extremamente cuidadosa e esse policiamento constante pode trazer uma carga grande de ansiedade.
Há também a insegurança, que precisa ser refreada. A insegurança se instala quando a novata começa a receber todas as atenções. É justo que ela precise de adestramento, do olhar atento do Dono sobre ela para que venha a serví-lo da forma que ele deseja, ou seja, precisa de atenção redobrada. Além disso, não se pode negar que é "carne nova" e estará também no centro dos desejos do Dono.
E por mais que tenha sido combinado, por mais que se tente racionalizar esse momento às vezes torna-se impossível à antiga não se perguntar: não estou sendo suficiente para o meu senhor?



E assim, a recém chegada solta e fresca, sem muito a perder, só a aprender, acaba tornando-se muito mais leve, enquanto a antiga, se não dominar todos esses sentimentos, ações e reações, pode acabar tornando-se uma pessoa pesada, às vezes não para o Dono mas para si mesma, diante de tantas situações com as quais precisa lidar e que vai represando em nome da harmonia da Casa e da paz do Dono. E esses sentimentos represados podem chegar a tal nível que não se consiga suportar, trazendo grandes angústias.
E como não passar por isso? 
Não existe uma fórmula, cada situação é uma, cada um tem uma forma de administrar seu canil mas a essa submissa mais antiga cabe não esquecer seu papel, manter-se firme em seus propósitos de servir, independente de quantas ele tenha, mantendo o foco no Dono e não na irmã e no que está sendo feito com e para ela. Fácil? Não, é muito difícil... mas vale a paz de espírito, a manutenção da autoestima e o reconhecimento de sua própria importância para o Dono pois sem ela, a relação a três não se concretizará. 
Ao Dono, cabe não esquecer que a mais antiga também precisa de atenção nesse momento, por todas as responsabilidades que tem e mudanças pelas quais estará passando. É dele grande parte do trabalho de fazer com que todas sintam-se bem para que veja realizado seu objetivo de ter uma senzala harmoniosa e feliz.
Quem cuida bem, tem.


 {Vita}_ST

Feliz propriedade do Senhor da Torre