28 de abr. de 2014

UM DOMADOR ENSINA

Apesar do nome, o *escravas e submissas* não foi criado apenas para mulheres que se submetem e servem. Este é um espaço também para homens que escolheram obedecer, para fetichistas, para baunilhas interessados no tema, para curiosos e, evidentemente, para Dominadores(as) que, com certeza têm muito a compartilhar e a ensinar. 
Assim, o blog está aberto a todos dispostos à troca de conhecimentos. 

Para o post de hoje, convidamos o Senhor EL CHICOTE que, generosamente divide conosco sua vivência de mais de 25 anos em Doma de potras (pony girl).

A NOBRE ARTE do CHICOTE



- Esse texto foi escrito para um site de spanking "Planeta Spanking" há muito tempo, talvez 20 anos.

É atual na medida em que os novos adeptos vêem na Dominação uma chance de esconder suas fraquezas, quando na verdade a Doma revela a verdadeira personalidade do DOM.
E a fraqueza de um homem se mostra verdadeiramente desastrosa quando combinada com o poder ilimitado que a Doma traz.
O Poder de fazer o certo e o errado, de pintar uma obra prima ou de um simples borrão numa tela virgem.
De levar ao paraíso ou ao inferno, freqüentemente indo junto.
Não pretendo ensinar - quem É nasce Feito - nem estabelecer regras: apenas registrar.



O Chicote traz consigo uma série de simbolismos que remontam a Antiguidade. Pode ser comparado, enquanto representação de poder, ao cetro dos imperadores, ao espadim dos militares, verga dos magistrados romanos ou bengalas dos cavalheiros.

Símbolo fálico, transmite autoridade e vigor. Sua função básica é a Doma e, quando corretamente utilizado, não é lesivo ou destrutivo já que, para simplesmente causar dor ou danos, outros objetos mais comuns podem ser até mais eficientes.

Para funcionar operacionalmente, compõe-se obrigatoriamente de três partes: numa ponta, o Domador; no meio, o Chicote; na outra ponta, a Potra. Como objeto isolado, serve apenas de decoração.





Vivemos numa sociedade em que culpa e castigo caminham juntos, onde as transgressões, mesmo quando acompanhadas de arrependimento e perdão devem ser corrigidas, pois através do castigo se chega à expiação das culpas e ao direito ao prazer.


O comportamento correto da potra é fundamental. Base da sociedade, deve ser educada, corrigida e conduzida por seu Dono. E o uso do Chicote representa apenas um rito de passagem, a quebra de barreiras, a realização da Doma. A partir do momento em que escolhe um Dono, em que sente prazer em se submeter à sua vontade e ao seu domínio, ela vai procurar a cada dia se superar mais e mais. Deve demonstrar explicitamente a sua coragem em enfrentar os desafios de uma potra, ser motivo de orgulho para si própria e para seu Dono, pois ele é o responsável pelo seu adestramento.



A confiança deve ser total, numa relação de entrega absoluta. Um bom Domador nunca fantasia, devendo apenas conduzir a fantasia. Jamais pode ser sádico, devendo usar o Chicote com muita habilidade para orientar, e não punir. O objetivo final é sempre a Disciplina, e uma potra sob comando de um Dom hábil, facilmente chega ao paraíso.

Do Comportamento da Potra

A potra compreende que o objetivo do seu Domador é o seu aperfeiçoamento, dotando-a da habilidade e treinamento necessários para que ela o satisfaça. Deve ter orgulho em atingir e superar suas metas, daí seu prazer físico. Enganam-se aqueles que supõem ser a dor o fio condutor do prazer (se fosse assim, uma martelada no dedo a faria urrar de gozo). A sua submissão ao seu Dono, e a sua capacitação pela Doma, é o que realmente a conduz ao prazer.

Entende que só o seu Dono e ninguém mais tem o direito (e o dever) de corrigi-la, pois não se serve a dois senhores. Desta confiança absoluta nasce a possibilidade de realização de todas as suas fantasias, pois ela jamais ocultaria qualquer desejo seu, por mais íntimo que fosse, do seu Dono.

Da Personalidade do Domador

Antes de mais nada, deve personificar a Autoridade que lhe é esperada, comportando-se a altura de um Senhor que tem interesse em aperfeiçoar e preservar sua propriedade, com a habilidade, paciência, severidade e generosidade necessárias. Um Domador nunca é perverso ou relapso e essa é a melhor garantia da segurança da potra, pois é sua posse.

Seu desejo é desenvolvê-la, tornando-a melhor para Ele. Por isso, e pelo fato do ato da Doma exigir dedicação e trabalho, Domadores dificilmente domam escravas que não lhe pertencem, e nunca emprestam/dividem suas escravas.



Subs versus Chicote

Como objeto simbólico, o Chicote utilizado deve ser aceito e estimado pela potra.

Melhor ainda se ela tiver participado da escolha, sob a orientação de seu Domador. Este será seu objeto de uso pessoal, do qual pode até ter ciúmes, muitas vezes não gostando de vê-lo compartilhado por outras potras com as quais não simpatize. Na ausência do Dono, o forte simbolismo representado pelo Chicote permitirá á potra, pelo seu uso, um prazer quase equivalente ao infligido pessoalmente pelo Dono, desde que ele assim autorize e/ou ordene.



Impacto da Chicotada

Algumas limitações mecânicas devem ser aceitas. Acima de certo impacto serão causados danos à pele. Embora o estado emocional da sub permita maior castigo sem danos (a adrenalina faz fugir da pele o sangue, tornando-a mais resistente à dor e protegendo-a de marcas roxas).



Quanto mais pesada, mais fina e veloz for a ponta do Chicote, maior será seu impacto. Cabos longos imprimem velocidades elevadas ao Chicote, que se for pesado, duro e fino pode cortar facilmente a pele. Já os de pontas largas, leves e cabo curto produzem menor impacto, garantindo a segurança da potra. Um Domador habilidoso saberá usar o instrumento mais adequado na Doma de sua potra, que é a voz de comando e sua conduta real. O Chicote será então um símbolo disso.

Tipos de Chicotes

Comprimento dos Cabos: quanto maior o cabo, maior a velocidade da ponta e maior o impacto.

Dureza dos materiais de impacto: quanto mais duro, maior a possibilidade de corte e danos.

Materiais como fios metálicos e trançados de couro duro são extremamente perigosos. Os materiais moles são mais seguros (couro macio e largo, fios têxteis, tiras múltiplas, etc).

Largura da ponta: quanto mais larga, maior a área de impacto, distribuindo a energia e tornando mais seguro. Quanto mais fina, mais concentrada e perigosa.

Quantidade de Tiras: quanto maior o numero de tiras, mais distribuído o impacto, diminuindo o risco.



Dolo: os romanos usavam o chicote de tiras para a punição, e nos casos em que pretendiam maiores danos, atavam pequenos ossos (chamados DOLOS) nas tiras. Daí a figura jurídica da intenção dolosa. Alguns sádicos têm chicotes com pequenas esferas, traves e argolas (metálicas ou não), presas às tiras (é procurar confusão lidar com eles). A marinha inglesa usava um chicote com tiras, que tradicionalmente é chamado de gato de 9 caudas.

Marcadores: o chicote de uma única tira pode ter cortado na ponta uma letra ou marca, que será impressa na potra, registrando a passagem do seu Dono. Pode ser interessante.

Áreas alvo: Para maior segurança, sempre abaixo do umbigo. Donos mais habilidosos e conscientes poderão se aventurar até o pescoço, jamais acima.


Autenticidade

Com o uso do Chicote as sensações em jogo são tão intensas quanto o risco envolvido. Neste caso, fingimentos, fraquezas, enganações ou falta de palavra desqualificam a seriedade necessária. A palavra dada não pode ser quebrada. A potra deve ter a certeza absoluta de que quando o seu Senhor diz não vou fazer, ele não fará. Mas se ele diz vou fazê-lo, nada deve impedi-lo, nem choro, súplicas ou histeria. Em resumo, o jogo com o Chicote implica em absoluta autenticidade: o Dom é Domador e a potra é domada.

Riscos

Como já ficou claro, se o Domador não tiver uma personalidade forte e estável, a situação facilmente sairá do controle. Se a potra não reconhecer a Autoridade, ou não tiver uma confiança sem reservas na habilidade do Domador, poderá, mesmo inconscientemente, desafia-lo, furtando-se à obediência. Neste caso um Dom menos experiente ou mais inseguro poderá usar o Chicote como substituto da sua autoridade moral, produzindo danos irreversíveis ao físico e à mente, traumatizando uma potra que, se devidamente adestrada, poderia revelar todo o seu potencial. Os danos de uma desastrosa aplicação do Chicote podem acabar com a reputação de um Dom, podendo mesmo abalar sua autoconfiança, jogando-o na vala comum dos pseudo Doms.

Fantasias Associadas: Personagens&Cenas

Junto com o Símbolo Chicote, outras fantasias simbólicas fazem parte do imaginário das potras.

Cabe ao Dom exigir a confissão dessas fantasias e realiza-las, dentro de sua conveniência. As mais comuns são as exóticas orientais: gueixa; odalisca; dançarinas do ventre.

Outra categoria bastante procurada é a das escravas: afroescrava; escrava branca, escrava medieval.

Cenas muito reveladoras são obtidas com simulações da realidade próxima, quando a potra representa personagens conhecidas: amiga; prima; vizinha. Ou finge de enfermeira, aluna/professorinha, secretária e outras personagens.



Outras Participantes

Ainda na questão de fantasias, certas cenas exigem a presença de outras potras. Convidadas, curiosas, sub-sádicas, damas de companhia, aias, amas (sempre fêmeas, pois Dom que se preza jamais permite, sequer, que o nome de outro macho seja pronunciado).

Freqüentemente, quando duas ou mais mulheres se juntam, a superioridade numérica as tornam atrevidas. O Domador deve redobrar sua atenção, impondo sua autoridade severamente, mas com tranqüilidade, sem admitir dúvidas, birras, ciúmes ou hesitações em cumprir uma ordem.

Qualquer fraqueza ou excessos de sua parte demonstrará claramente sua incapacidade, levando uma sub inteligente a duvidar dele, desprezando-o no futuro. Quando em duplas, normalmente uma sub assumirá o papel de superior hierárquica da outra, o que deve ser autorizado e confirmado pelo Domador.

Acessórios

Para melhor caracterizar a cena, as vezes uma roupa adequada pode ajudar a entrar no clima. Um Dom deve ser capaz de fazer isso sem esse recurso, mas não custa nada fazer um agrado de vez em quando.





Ambientes

Um dos mais fortes condicionadores é o ambiente. Um cenário convincente de masmorra, tenda árabe, leilão de escravas, ou seja lá qual for a fantasia dela, pode fazer de uma cena comum uma aventura inesquecível.

Após a Doma

A concessão de um tempo de reflexão para a sub, após uma cena, é um recurso interessante, mas não se deve esperar respostas precisas no calor da ação.

É importante que o Domador conheça as sensações, progressos e medos de sua potra, e esse é um momento particularmente vulnerável, que deve ser usado para modelar e aperfeiçoá-la, estreitando os laços de confiança e submissão.

A avaliação das marcas e avarias são funções do Dono. Algumas reclamações serão feitas e o Dono pode até ouvi-las, pois às vezes as potras tentam assim valorizar a sua atuação, ressaltando a sua coragem e valentia. Normalmente isso é uma forma de pedir elogios e reconhecimento.



O Dom deve ser sempre justo e correto, reconhecendo as virtudes e observando as falhas, compreendendo sempre que deve corrigi-las, pois elas são o resultado do adestramento que ele deu à sua sub. A sub nunca é culpada por seu desempenho, seu dever é obedecer e respeitar seu Dono.

O desempenho dela cabe ao Dom modelar e aperfeiçoar. O sucesso nesta fase está intimamente associado ao conhecimento que o Dom tem das fantasias da potra.

Já a reclamação excessiva diminuirá o mérito educacional da cena, o que pode tornar ilegítimo qualquer objetivo pretendido. É importante que a potra saiba das conseqüências em termos de marcas temporárias ou permanentes, as quais deverão ser explicadas de antemão. Afinal, a potra vive numa sociedade que, cinicamente, finge não ver esse comportamento com bons olhos. A visibilidade das marcas deve ser escrupulosamente avaliada antes, pelo Dom.

Sua Autoridade é, em grande parte, avalizada pelo controle que Ele tem sobre os efeitos causados durante a cena.

Ele deve garantir a condição emocional e física da sub, inclusive a integridade das roupas, que às vezes são rasgadas durante uma cena, de modo a permitir a volta dela em segurança, em condições de enfrentar a sociedade. A potra sempre deverá se sentir segura, certa de que aquela foi uma cena construtiva e prazerosa.



Aviso Final

Ao Dom:

A dominação é um jogo, mas não é de mentira. As sensações e emoções são de verdade. Nunca brinque com o sentimento da potra: você é o Dono dela e o único responsável por você e por ela. Se você não Domá-la, reconheça e abandone a contenda, não jure amor nem alegue carências para mantê-la. Honra e verdade não se aprende, técnicas sim. Amadureça e torne-se melhor.

À Sub:

A submissão é um comportamento genético, desenvolvido durante os milhões de anos de evolução dos primatas. O prazer físico de submeter-se ao seu Dono visava garantir uma descendência de Doms. A sociedade atual permite a sobrevivência (e até o sucesso) de um indivíduo sem as qualidades incomuns de um Dom (isso começou a acontecer há aproximadamente 50 mil anos).

Contudo, o imperativo genético das fêmeas as induz a submeter-se, mas não é fácil o reconhecimento de um Dom puro, geneticamente falando - além do conjunto de qualidades inatas, outras, tão ou mais importantes devem ser aprendidas, jamais ensinadas.

A situação da potra, então, é delicada, e depende em grande parte da sorte. Um farsante facilmente apresentará as características externas de um Dom, mas sob pressão mentirá, acovardar-se-á e manipulará, revelando sua fraqueza (e condição de pseudo Dom).


Mas, se tudo der certo, provavelmente, será a melhor experiência erótica da sua vida - isto é: se uma potra encontrar um Dom com qualidades morais, éticas e intelectuais, na idade conveniente, com tempo disponível, posição social e instrução adequada, ela achou uma passagem ao paraíso.

Mas nada substitui o bom senso e a realidade. Um verdadeiro Dom espera que a sub cuide de si mesma e tome as decisões corretas. Afinal ela é a propriedade e quanto mais capaz e leal for, maior será o valor da potra para ele.

A sub é responsável pela escolha do seu Dom.

O Dom é responsável por tudo o mais.


Por El Chicote
(com a colaboração de sua sub, Laica-EC



Próximo post:

"O Real Valor de uma Coleira"

por Cedna_Steel

dia 01/05/2014

20h

25 de abr. de 2014

Marketing no BDSM


Quase que diariamente vemos perfis nas redes sociais de pessoas novas que chegam ao meio com o intuito de se descobrirem, algumas porque se identificaram com algo que viram ou leram ou simplesmente porque sentiram-se na curiosas com um mundo tão misterioso e cheio de emoções.

Talvez seja eu um pouco crítica ou quem sabe é apenas a minha visão sobre o que considero SM, porem pela minha experiência com tudo o que ja vi, aprendi, absorvi e recebo de lição, não somente do Dono, mas também de pessoas com mais experiência no meio BDSM (os tais Dinossauros), analiso esses perfis e me parece que todos foram feitos exatamente pela mesma pessoa, claro falo deles no CRU, antes de terem conseguido a coroa de ouro, diamante e platina, onde acredito que se mostra verdadeiramente quem é e ao que veio.

Imagino que exista algum roteiro de "como fazer seu perfil para obter uma coleira em 5 passos" onde:

Passo 1: crie o perfil

Passo 2: Procure no seu estado e nos grupos mais aclamados as páginas que você vê com mais seguidores, acessos, comentários em textos e quantidade de práticas que gostam ..

Passo 3: elabore uma introdução anunciando que você é novato e não tem experiência. Resuma seus gostos e limites (práticas que normalmente não se tem conhecimento, mas tem desejo, que se faz a não ser que tenha certa intimidade e absoluta confiança), as mais complicadas coloque como que tem curiosidade.

Passo 4: Uma vez que os Dominadores/as comecem o "ataque" veja aquele que faz menos exigências ou se mostra mais receptivo, corra ao perfil dele/a, veja do que gosta, e imediatamente adicione-o ao seu perfil..."(obs: durante as conversas diga sempre que com Ele/a sim sente a necessidade de obedecer, que com os outros não, porque Ele/a é diferente)

Passo 5: Diga sim a todas as condições que forem apresentadas, você aceita tudo, você entende tudo, você nasceu para servir, não tens vontade própria, porque tudo depende do Senhor/a.

Confesso que deva ser uma tarefa árdua, ao tentar esconder todas as inseguranças, os complexos, os traumas de colegial onde você se decepcionou, sofreu bulling, ou durante a juventude que não saía de um relacionamento para entrar em outro com o coração devastado jurando que seria impossível se recuperar porque "aquele" era o amor da sua vida...claro isso contando com que a pessoa tenha idade pelo menos para ter tido juventude, muitas ainda nem saíram da adolescência.

Nessa maratona toda, não se reservou tempo algum para aprender sobre respeito, comportamento, liturgia...nada!

Começam então a confundir com o passar do tempo certas atitudes com sentimentos, não sabem separar o tesão pela pratica do tesão pela pessoa, não se reconhece o lugar que ocupa e a função que tem e na hora do intervalo, acabam dando “pitis” para ter os "corações e flores" e anseiam poder colocar no facebook... "em um relacionamento com"

Toda essa invasão tem dois lado ao meu ver...a parte chata que irrita e mesmo você sabendo que é pão pra hoje e fome pra amanhã te esquenta alguns neurônios e a parte boa, que é quando se peneira, acabam aderindo as filas pessoas boas que realmente se encontraram no meio.

No processo cansativo, claro que muitos não saem ilesos...casais se separam, confiança se perde, magoas se criam, ressentimentos crescem, amizades surgem também!

Mhya_Steel
escrava, SP




Não deixe de ler o próximo post do *escravas e submissas* 

"A Nobre Arte do Chicote"

Autoria: EL CHICOTE/RJ
25 anos de vivência BDSM
Com grande experiência em Doma

Dia 28/04/2014
20h

22 de abr. de 2014

O essencial é invisível aos olhos




Há cerca de um ano conheci o BDSM e conheci quando descobri que só sentia prazer sexual se houvesse dor e humilhação. Não me pergunte como descobri isso, só sei que o sexo foi ficando muito sem graça. Por melhor que fosse o parceiro, parecia que não tinha acontecido nada.

Então percebi que sou masoquista e fui pesquisar a respeito. Cansada que estava de ver homem fugindo de mim quando eu pedia pra me bater ou xingar, fui me informar onde encontraria homens sádicos para me completar.

Pesquisando descobri que existiam Doms e subs e uma relação linda entre eles. Não só uma relação sado-masoquista, mas uma relação com muito erotismo e cumplicidade também. Isso me interessou bastante.
Achei um universo novo a ser vivido.

Mas quanto mais eu tentava entrar nesse universo, mais ele me parecia impossível de ser alcançado porque eu não era a sub q eles procuravam e porque não eram os Dons que eu procurava. E uma relação D/s, como em toda relação, tem que haver afinidades e interesses em comum.

Eu já estava quase desistindo, achando que esse mundo não era pra mim e que eu nunca sentiria o domínio de um homem na minha vida e as dores físicas causadas por ele, muito menos o prazer da submissão.

Até que, finalmente, conheci Meu Dono.
Dono da minha vida, das minhas vontades, Dono de mim.
E descobri a delícia de ser submissa a ele.

Submissão pra mim é desapego, é desapegar-se de si mesma para ver o outro feliz.
Submissão é o ato do mais puro amor.
E quando você encontra seu Dono verdadeiro, você não tem dúvidas, você se entrega sem perceber, sem se questionar.

E quando ele te dá a coleira, que é o símbolo que você pertence a ele e que ele te guiará, você fica segura, porque sabe que a relação é séria e não irá se desfazer de uma hora pra outra.
O Dono não precisa ter o estereótipo de Dom. Ele precisa te tocar a alma onde ela precisa ser tocada.

Tenho certeza do fundo do meu coração que meu Dono é aquele que merece ser servido por mim.
E o sirvo e o obedeço e o amo.
Se ele quer que eu seja a porquinha da fazenda dele, eu serei.
E se a fazenda estiver completa, estarei feliz por ele ter seus bichinhos e serei sempre sua porquinha.
Porque para mim ele será sempre Meu Dono. O Dono que escolhi para servir e que me acolheu.

O pai tem vários filhos, mas seus filhos têm só um pai.

O professor tem vários alunos, mas seus alunos têm apenas um professor.

Assim é com o Dono.

E assim viverei feliz.



úlima
submissa, SP



Próximo post:

"Marketing no BDSM"

por Mhya_Steel

dia 25/04/2014

20h

19 de abr. de 2014

Amor à submissão ou submissão por amor?



A submissão é sublime! Quem aqui não ama dedicar-se, cumprir tarefas, servir calorosamente àquEle que nos domina?

Quando nos submetemos entregamos nossos corpos, mentes e desejos ao Outro de forma inexplicável. Isso chama-se entrega. 

Agora, pergunto: Entregar-se  simplesmente por amar o Outro ou por amar submeter-se?

Eu particularmente amo ser submissa. Amo servir, estar à disposição, ser usada, independente de quem me domina. Quando nos entregamos antes de mais nada é necessário gostar do que fazemos. É como um trabalho árduo, se não amamos este trabalho, é melhor que não o façamos. 
Submeter-se apenas por amar ou desejar o Dominador não é sinal de quem faz esse trabalho com ardor. É esperar que o Outro lhe dê em troca o mesmo sentimento em maior escala, aguardar que Este abra as portas do seu coração para o “Final Feliz”.

Acredito que, ao deixar-nos dominar somente porque amamos, deixamos de lado a razão e simplesmente colocamos o carro na frente dos bois. Deixa-se de lado a submissão e parte-se para a possessão. A entrega submissa se esvai e a vontade de submeter-se vira desejo de possuir, trazendo junto todos os sentimentos oriundos dessa posse: ciúmes, insegurança, expectativas e ilusões.

Submissão é, acima de tudo, amar a si mesma. Apaixonar-se todos os dias por ser o que é e pelas escolhas que se fez. É conquistar a todo instante a autoestima desgastada em relações que muitas vezes nos tiram o chão. Submissão é amar submeter-se!

Não digo que devemos deixar de amar os Donos, ao contrário, damos a Eles o amor da forma mais sincera e fiel que se pode imaginar. Mas, e quando isso acaba? Paramos no meio do caminho e esquecemos que ainda há muito a percorrer? Creio que não.

A estrada é longa, há muito o que caminhar e logo adiante encontraremos alguém a quem amar da mesma forma, talvez com intensidade diferente, mas ainda assim amaremos. Pelo simples fato de que a submissão está dentro de nós e não no Outro e quando Ele se vai, não a leva consigo; ela permanece conosco.

Submissas são submissas por que são, não porque ordenaram que fossem. São escolhas que não podem ser desfeitas, nós que não são desatados. Quem tentar desatar, sentirá as marcas de uma ferida nunca fechada.

SUBMISSÃO nada mais é que: AMAR SER FIEL A SI MESMA!


nude
submissa, SP



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"O essencial é invisível aos olhos"

por Kel do Mestre Sade

dia 22/04/2014

20h

16 de abr. de 2014

Então o Senhor quer ter uma escrava?



Temos refletido muito aqui no blog sobre o papel da escrava submissa.

Sobre seus deveres, seus poucos direitos, suas aspirações. Temos refletido sobre o que nos determina a nossa postura. Há momentos em que somos até muito duras conosco no que diz respeito a essa postura, quando nos cobramos coerência.

Mas, e a outra parte? É sabido que quem tem ou quer ter uma escrava precisa, antes de mais nada, saber se possui as características adequadas para ser Dono. E Dono e Dominador são nomenclaturas diferentes para Tops diferentes. O Dominador domina. O Dono possui. Ora, não se Domina aquela que se possui, porque se possui, é sinal que já houve um Domínio. Então, o Dono “comanda”.

"O Dominador é caracterizado pela prática de subjugar escravas, podendo assim obter delas a obediência e a dedicação que almeja, além da entrega de seu corpo"... (Jota SM)

Dono é aquele que já tem a posse da escrava e por consequência cuida, orienta, comanda, conduz...

" "Dono” é o mais completo e grandioso termo usado para definir um praticante ativo dentro do BDSM. O Dono é aquele que não só dominou a escrava, não só a educou, disciplinou e descobriu-a, mas é aquele que A TEM.

Sua escrava não é simplesmente uma escrava, é "A" escrava. Não é uma sub, e sim a sub DELE. Ele não tem a sua posse restrita às sessões como o Dominador, pois sua posse extrapola os limites físicos do BDSM e adentra nos sentimentos, pensamentos, personalidade e convicções de sua sub.

A escrava não é escrava sem ele, mas com ele não tem sequer a posse do próprio corpo, que já ofertou a seu DONO, bem como sua mente se volta não para a prática do BDSM (num agrado passageiro àquele que a subjugue numa sessão ou numa cena), mas à dedicação e obediência constante àquele que a conquistou de corpo e alma."(Jota SM)


Então vem a grande questão: o Senhor está preparado para uma entrega de tal nível?

Muitos Dominadores hoje em dia reclamam da escassez de escravas. Há mais exigências que subserviência, mais modismo que submissão. Mas quantos estão realmente dispostos a adestrar, orientar, lapidar uma escrava a fim de serví-los?

Quantos estão dispostos ao compromisso de dar uma coleira sabendo que seu nome estará representado ali, naquela submissa educada por eles? Quantos honram seu próprio nome a fim de deixar orgulhosa a escrava que o porta na coleira?

A desvalorização da submissão não tem um fim em si mesma. Ela tem vários motivos e grande parte deles vem da falta de seriedade e comprometimento na dominação. Na falta de coerência entre o que se diz e o que se faz. Na falta de conhecimento daqueles que se dizem Dominadores mas pouco sabem da arte de dominar e nos que se dizem Donos e nada fazem para conduzir.

Fenômenos dos tempos modernos, a facilidade em se dizer Dono sem ter consciência do que isso representa tem sido um grande motivo do desencanto das submissas também pois estas, mesmo as mais experientes, dependem da orientação do Dom a quem servem/pretendem servir.

E quando ele não orienta?

Quando não conduz?

Quando não faz com que a submissa sinta-se posse?

Ele pode se considerar Dono?

Não é nossa intenção criticar posturas, a Dominação é algo que respeitamos acima de tudo dentro da hierarquia vigente no BDSM... mas, se por um lado há muitos Dominadores lamentando a falta de submissas verdadeiramente comprometidas com o ofício de servir, há por outro lado muitas submissas lamentando a falta de Dominadores que orientem, que cuidem, que se disponham a adestrar, ensinar, moldar.

Toda relação é uma via de mão dupla, mesmo as hierárquicas, só funcionam se cada um cumprir de fato seu papel.

É mais fácil usar sem estas responsabilidades, há "submissas" para todo tipo de uso, inclusive para fazer um sexo apimentado mas o verdadeiro sentido da D/s só se dá quando os dois se comprometem.



Amar Yasmine, a escrava encantada do SENHOR DIABLO

Vita_ST, feliz propriedade do Senhor da Torre




Próxima postagem:

Amor à submissão ou submissão por amor?

por nude

dia 19/04/2014

às 20h

13 de abr. de 2014

Uma escrava cômoda ao DONO


O post de hoje tem a intenção de ser lembrado muitas vezes por quem o ler. Tomara que gere reflexões, discussões, conclusões. Não pretendo com ele ditar normas de comportamento submisso, só busco uma coerência entre aquilo que penso e aquilo que faço. Achei bom publicar aqui meus pensamentos, porque pode ser que ajudem a alguém, como eu, na busca da excelência no servir.

Embora Oscar Wilde tenha dito: "A coerência é a virtude dos imbecis", busco sim a coerência, a conformidade (não confundam com conformismo, por favor), a congruência. Mesmo sem saber se por vezes a alcançarei, minha busca será constante, em todos os meus pensamentos e atos.


Vejam bem, minha intenção não é a de atingir a perfeição, está claro como água para mim que, como humana, a perfeição jamais será atingida. Mas, isto não seria motivo para relaxamento, preciso chegar o mais perto possível. Pretensiosa? Pode ser. Ninguém pode me censurar por querer progredir, crescer, melhorar. Senão ficará meio que “sem sentido” a vida. Estamos aqui para aprender e aplicar na prática o que aprendemos. Estamos aqui para aperfeiçoar, aprimorar.


O que provocou este texto foi uma conversa com uma amiga querida. Ela falava coisas como: "se sentir abandonada pelo Dono", "falta da atenção e falta de explicação por parte dele". Estas situações que TODAS NÓS passamos vez por outra e que DOEM MAIS DO QUE QUALQUER TORTURA FÍSICA.


Verdadeiras provas de fogo para quem serve, o abandono, a falta de atenção e de explicação, tiram uma escrava do seu eixo de equilibro e a desorientam. Como sempre digo e repito, que venham todas as dores físicas acompanhadas do olhar sádico daquele que tem os nossos serviços... estes momentos são de prazer para ambos. Mas, é na hora da ausência que se sabe quem verdadeiramente serve. É neste instante de prazer unilateral, de absolutamente nenhum prazer para quem se submete.


Talvez, (eu disse “talvez”) quem Domina, vendo sua sub torturada fisicamente a seus pés, pense: "Que orgulho eu sinto por possuir esta escrava!"


Não, Senhor, não é esta a hora de se orgulhar. A hora de se orgulhar é aquela que o Senhor se afasta para resolver seus problemas, suas dificuldades na vida, e sabe que a escrava estará lá sozinha a lhe esperar... serena, tranqüila, de alma leve, sem questionar e, o mais importante, sem sofrimentos. Porque se sofrer, acabará se tornando um fardo.


Não pensem que não sinto problemas com a ausência, que não questiono no mínimo pra mim mesma. Sou como qualquer outra, sou insegura e sou frágil, ainda não desprendida de mim mesma. A diferença é que jamais levo até meu DONO nada além dos meus sorrisos de submissão, amor e desejos. Posso dizer isto de alma aberta porque é ELE o primeiro a ler meus posts no blog e, honesto como é, não me permitiria dizer algo que não consigo praticar.


Mas, a minha amiga sub reclamava sobre falta de atenção e eu respondia à ela que é o viver nesta "corda-bamba" que significa servir, quando ela me disse algo que me deixou atônita, confesso:


_Amar, é muito cômodo pro seu Dono ter uma escrava como você. Quem não haveria de querer uma escrava assim? Até eu, que sou sub, queria ter.


Pronto. À primeira vista doeu. Veio como um soco forte no estômago. Doeu muito. Me senti um nada. Insignificante. Pobre coitada da Amar que é tão boba e tudo faz para que seu DONO se sinta feliz, sem esperar nada em troca. Esta foi a minha primeira e rápida reação. Mas, durou pouco.


Pode parecer loucura, mas assim que penso ou sinto algo negativo, minha mente corre em busca da "Dona Coerência". E fui direto ao dicionário, hábito que tenho desde criança, fascinada que sou pelas palavras e seu significado real.


Olhem o que encontrei, que fascinante:


Cômodo: adj (lat commodu) 1 Que oferece comodidade. 2 Adequado, próprio. 3 Que oferece facilidades. 4 Favorável. 5 Tranqüilo. sm 1 Aquilo que oferece comodidade. 2 Agasalho, hospitalidade. 3 Aposento de uma casa; quarto, alcova. 4 Pequena habitação.


Comodidade: sf (lat commoditate) 1 Qualidade do que é cômodo. 2 Aquilo que contribui para o bem-estar físico; conforto. 3 Oportunidade, ocasião favorável. 4 Meio fácil de fazer ou de usufruir alguma coisa. 5 Bem-estar, regalo.


Regalo: sm 1 Prazer, especialmente de mesa. 2 Iguaria apetitosa. 3 Gozo material. 4 Presente ou mimo com que se brinda alguém. 5 ant Agasalho, geralmente de peles, em que as senhoras usavam trazer as mãos, para as resguardar do frio. 6 Rede de braços no aparelho de arrastar.


Ao encontrar estas definições me apoiei no encosto da cadeira e perguntei a mim mesma sorrindo:

_Não foi para ser tudo isto aí que você se tornou uma escrava, Amar? Não é isto que te faz pulsar e latejar???

Eu quero ser cômoda ao meu DONO sim. Quero dar comodidade a ELE. E quero ser um regalo em sua vida. Quero a exata medida de lhe dar todos os prazeres. Não quero jamais pesar em seus ombros. Não quero que se sinta obrigado a me dar explicações. Não quero deixá-lO constrangido em momento algum.


Eu quero sim ser cômoda ao meu DONO, trabalharei firme para ser cada vez mais cômoda, porque é pra isto que existo e porque ELE merece.


Não sou baunilha com sonhos de submissão, muito menos escrava só durante sessões. Sou uma escrava em seu sentido mais puro e real.


Só me resta agora agradecer à minha amiga que provocou minhas indagações, fazendo com que eu chegasse ao sorriso que ostento neste instante.



Obrigada, Amiga!


AmarYasmine


a escrava encantada do



SENHOR DIABLO




Senhor Dominador,

O próximo post é direcionado ao Senhor, 
que escolheu estar do lado 
daqueles que empunham o chicote.

Antes, porém, 
vamos fazer-lhe duas perguntas:

1)Então o Senhor quer ter uma escrava submissa?

e

2) Está preparado para uma entrega na totalidade? 

Se suas respostas forem positivas, Senhor,
não deixe de ler o próximo post
dia 16/04/2014
às 20h
aqui mesmo no

*escravas & submissas*

11 de abr. de 2014

Ponto de equilíbrio



A reflexão da vez pede uma escrita daquelas minhas, simples, sem prolixidades, sem floreios, apenas transformando vivências em troca de aprendizados, por meio de uma singela narrativa…

Não é fácil acertar o ponto de equilíbrio nos primórdios de uma relação, surgem incertezas, inseguranças, desconfianças, até normais, de ambos os lados.

São dois S/seres completamente diferentes, darão as mãos  para trilhar uma caminhada igual apenas, no mesmo Ideal. Para um mesmo Ideal. Ideal de Dominação e submissão, rezado pela cartilha Dele, somente a Dele.

O Caminho será  prazeroso, mui prazeroso. Porém com altas doses de dificuldades.

Mais difícil ainda quando a escrava toda altiva sobre sua extraordinária condição de ‘submissa exemplar’ não consegue atingir ás expectativas esperadas. Principalmente,  quando sua ansiedade e suas ‘urgências’ pedem licença, aos ‘berros’….snifff

Sem contar a danada, injusta e perigosa  impulsividade  dar as caras num misto de suposições infundadas, enxurradas de achismos, ‘coragens absurdas’, palavras inoportunas, choramingos fora de hora e até reações abusivas .

Pontualmente aqui, o Dom  com toda a paciência, bondade, prática e coerência, por meio, de uma ‘chamadinha generosa’, que deixa qualquer spanking no chinelo….uiiiiii.....afff…...como dói….escutem só os ossinhos se quebrando…trrrrreeeeeccc…..snifffff,  traz a desavisada submissa a razão.

Pois bem, o arrependimento, a vergonha, a sensação de agonia,  remetem  a escrava para um estado de insignificância intenso.

Contudo, mesmo com toda a dorzinha moral que sente, a escrava submissa se sente amparada e cuidada. Sente-se Posse.

Feliz e realizada ela sabe que a atitude dele é necessária para o  seu desenvolvimento, o seu crescimento, como Sua propriedade.  Ciente e honrada do papel assumido, escrava submissa nas algemas Dele, por livre e feliz escolha. Regozija-se por ter um Dono que gosta, cuida e sabe Dominar. E , é atento para a estabilidade do ponto de equilíbrio da R/relação....*pisc

ternura εïз
submissa, SP

9 de abr. de 2014

A marca mais bela é a marca da alma


Todos os dias vemos textos e fotos publicadas nas redes sociais ligadas ao BDSM sobre marcas e superação, sobre a entrega e a devoção; declarações das aclamadas  "submissas de alma" (conhecidas como aquelas cuja entrega é tamanha que suportam além de seus limites) sobre como "apanham" e aceitam determinadas práticas em nome de sua devoção e amor ao Dono, mas pouco, pouquíssimo se fala da superação real.
Quando falo sobre superação real, me refiro às submissas que nunca pensaram em sentir dor, jamais quiseram para si a dor física, que nunca almejaram apanhar de verdade e sentirem dores que vão além de um mero desconforto físico, aquelas que recebem mais de uma prática ao mesmo tempo. São aquelas submissas que quebraram seus próprios tabus e ultrapassaram barreiras às quais nem elas mesmas sabiam existir.
Essas submissas não são festejadas em fotos e textos porque não perdem tempo exibindo suas conquistas, elas se fecham no silêncio de sua alma e se aconchegam no carinho de seus Donos para compreender e agregar à suas almas inquietas todas as beleza da superação que conseguiu vencer limites.
Falando por mim, mas acredito que seja o caso de muitas, iniciei do zero, sem nenhuma  tolerância à dor; restrições de movimento era um limite rígido, claustrofobia um medo inenarrável, sendo que o simples pensamento de usar algemas gerava calafrios, porém a necessidade do Dono juntou-se ao meu orgulho em Lhe pertencer, à minha própria vontade de experimentar e viver, e comecei a assimilar as diversas práticas que colocavam em prova minha entrega em níveis que me davam medo e que por vezes, até hoje me apavoram, mas a confiança no meu Senhor e a confiança em mim mesma me revelou uma Mhya que nunca pensei conhecer, uma mulher desejosa em satisfazer seus anseios profundos. 
Não nego que fiquei encantada com essa nova mulher que brotou dentro de mim e a abracei, porque descobri o prazer na dor, nos extremos, no desespero perante uma situação de "saturação" de emoções onde preciso brincar com os níveis de dor espalhados pelas áreas diversas do corpo de forma que uma alivie a outra permitindo me oferecer mais de mim ao meu Senhor e aumentando o prazer de ambos.
Hoje, posso dizer sem sombra de dúvidas que apanho não mais pensando no prazer exclusivo do Dono, esse prazer também vibra em mim; é minha droga e  meu alívio, que permite que meu Liege possa brincar ainda mais com esta sua peça, tendo a convicção de que o faz também para o meu próprio prazer latente, libertando-o da responsabilidade de que suporto a prática somente por Ele, permitindo-lhe fazer do meu corpo  tela em branco para sua arte e que independente de marcas visíveis, a marca mais importante já ficou na essência desta serva.

Mhya_Steel
escrava, SP

8 de abr. de 2014

Conversa entre submissas



_Um tostão pra saber o que está te deixando tão caladinha...


_Ah... não sei o que falta acontecer no meio SM. Olha só:


Primeiro foi a fase das submissas “pensantes”: 

Eu não sou burra, eu penso... Eu tenho personalidade forte...

Depois foram as "rebeldes": Eu sou diferente, para me dominar tem que ser O cara... Quer moleza? Vai dominar uma abobrinha...


Depois veio a fase das submissas “jóias raras”: Minha submissão vale ouro, prata e diamante, tem que ser conquistada, tem que merecer, não vai ser dada a qualquer um...


Depois fomos engolidas pela onda das submissas “cinquenta tons de rosa”: Procuro um Dono Christian Grey que cuide de mim, que me dê presentes e que no final se renda a meus pés..



 _Kkkkkkkk... Ah, amiga, você não viu nada... a nova submissa procura um marido... hihihi... ela quer casar com o dono.



 _Hã?  O que??  o.O



_Isso mesmo que você ouviu, ela quer constituir família com o Dono, ter filhos e viver o “felizes para sempre”, devidamente protegida pelo contrato de casamento porque, segundo ela e outras que pensam na mesma linha, o contrato de submissão não é um documento oficial.



_Eu heim... De quem será a culpa de toda esta mudança?



_ Um pouco da mídia, que deturpa o SM todas as vezes que se aproxima querendo desvendá-lo. Também de equivocados escritores, como E. L. James que fez o desserviço de escrever uma trilogiazinha barata, mais parecida com aqueles romances de banca de revista, colocando como tempero uma máscara de SM... E aí povoou o meio de caçadoras de marido de todas as idades, à procura desesperada de um Christian Grey, o Dom-magia-príncipe-encantado que irá resolver todas as suas carências e inseguranças de vida, em troca de uma torturazinha aqui e outra ali... É, amiga, no SM do Brasil, grande parte das relações são constituídas hoje em dia como moeda de troca.



_É verdade. Outro dia eu estava no salão fazendo as unhas e ouvi uma mulher, daquelas que a gente sabe que não são "nem de pimenta", dizer sem nenhum pudor que por um Christian Grey até concordaria em se submeter a torturas e devassidão.



 _Que droga!... Junte a tudo isso a facilidade dos contatos...  E estão aí as redes sociais, que não me deixam mentir, atulhadas de “dominadores” e “SUBMISSAS”. Este é o novo SM, amiga.



_Nossa, é bizarro alguém que se intitula “submissa” comportando como protagonista de contos de fadas à espera de um "dono" que venha buscá-la num cavalo branco, para levá-la ao altar e depois viverem para sempre felizes, uma bela história como dom marido, SUB esposa, filhinhos donzinhos e filhinhas SUBMISSINHAS. Ninguém merece...



_Kkkkkkkkkk... tá revoltada, amiga?



 _Como você esperava que eu estivesse?? BDSM não é isso e submissão não permite trocas. Deve estar bem claro que, a quem se submete, cabe apenas a entrega de livre vontade. Neste “jogo”, um concede e o outro faz uso.  



 _Calma, não precisa ficar nervosa...



_Calma nada... a verdadeira submissa tem os pés descalços no chão da senzala. Pode ser altaneira em sociedade, ter personalidade forte em sociedade, na família, no trabalho... na verdade tem que ser forte mesmo senão não vai dar conta, mas sempre, sempre será doce e humilde diante do Dono... para ser seu refúgio... seu oásis. Esta foi a proposta que me encantou desde que descobri este mundo fascinante.



_Também encantou a mim. Sabemos que ela estará sempre disposta a servir, mesmo que a cabeça esteja povoada de sonhos. E estará concentrada em aprimorar, não por interesse... apenas por servir verdadeiramente, porque este é o seu prazer e o seu ofício.



 _E o que vai acontecer com pessoas, como nós, que procuram um parceiro para viver seus desejos mais secretos e perversos?

O que acontecerá com as submissas que só querem um Dominador para servir com uma entrega calcada na verdadeira doação, aquela sem nenhum tipo de exigência? 
O que será das submissas interessadas em aprender, crescer, expandir limites e se aprimorar pelo prazer do seu Senhor?


_Calma. Relaxa. Sossegue seu doce coração que vamos continuar existindo. Em número pequeno, é verdade. Seremos raridade... acho que até já somos... rs.

Estaremos nos calabouços, nas masmorras... amarradas, surradas, sangrando no corpo e na alma... vivendo as delícias do masoquismo físico e mental e toda a devassidão que vc conhece. 
E quando estivermos longe do chicote do Dono, nos longos momentos de espera, estaremos torcendo sempre para que Ele esteja bem e feliz, porque é esta a razão do nosso prazer.
Não fomos feitas para a superfície, minha amiga. Nós mergulhamos. Nossa história é outra... Chama-se Intensidade.
Ah... e fica tranqüila que enquanto as heroínas dos contos de fada, estiverem esperando o príncipe Christian Grey encantado, montado num cavalo branco... ops... no cavalo branco, não... que ele vem é de helicóptero... Enquanto isso, sempre haverá o verdadeiro Sádico Dominador procurando a verdadeira submissa para torturar e satisfazer seus desejos mais sórdidos.


_Que todos os anjos digam "Amém"!



_Eles dizem, minha amiga querida... eles dizem... Pisc...*



Amar Yasmine, a escrava encantada do SENHOR DIABLO

Vita_ST, feliz propriedade do Senhor da Torre






6 de abr. de 2014

Expectativas Submissas


Em qualquer tipo de relação criamos expectativas, esperamos sempre por algo que pode ou não acontecer. Nas relações BDSM não é diferente e são ainda mais intensas essas expectativas.

A espera por algo se inicia ao entrarmos neste mundo misterioso e desconhecido é grande. Esperamos por algo/alguém que nos satisfaça, que nos eleve, que nos leve a conhecer novas e excitantes experiências.


Em seguida, ao encontrarmos quem nos dê segurança, essa esperança cresce, toma forma.


Como submissas, esperamos muito mais que ordens, castigos, carinho e dominação. Desejamos que Eles nos entendam quando nem mesmo nós nos entendemos. Aguardamos que Eles se coloquem em nosso lugar quando desejamos estar aos Seus pés em momentos onde isso não é possível. Esperamos que Eles saibam o que sentimos quando, sozinhas em nossos pensamentos, temos dúvidas sobre o que escolhemos viver. Criamos expectativas em relação ao tempo, aos momentos, sentimentos e a quem escolhemos servir.


Expectativas são impulsos a tornar-nos mais fortes e equilibradas. Porém, da mesma forma que podemos nos tornar submissas leais, criativas e servis também podemos viver em um eterno abismo se não soubermos separar o que pode vir a se tornar parte de nossa realidade e o que jamais poderá se concretizar.


Devemos antes de aguardar o que Eles têm a nos oferecer, saber o que temos a oferecer e se poderemos lidar com a frustração diante daquilo que nunca irá se realizar da forma como idealizamos. 


Que possamos nos entender e assim sabermos que, o que vem a frente nem sempre é o que desejamos. E que façamos do inesperado motivos para sermos quem somos: submissas que esperam de si o melhor que podemos ser.



nude
submissa, SP

4 de abr. de 2014

A Submissão das Marcas


Dia desses deparei-me com um blog onde uma postagem antiga falava da troca existente na relação D/s e assim a definia: "Ser a causa do desejo do o/Outro, habitar sua fantasia, é raro, complexo e precioso." (¥ nyssa ¥...ÅS, em Um Tanto BDSM).
Uma linda maneira de definir um sentimento, na forma como nos acostumamos a ver por anos e anos nos blogs de submissas e até mesmo nos de Dominadores que retratavam, antes de mais nada, a essência da Dominação/submissão.
Lembrei-me que em outra época não se sabia que práticas o Dominador X usava com sua submissa y, era algo restrito a intimidade do par. As marcas que ficavam no corpo da submissa faziam parte dessa intimidade e nem por isso deixavam de ser motivo de orgulho; um orgulho íntimo, dele para ela e dela para ele. Ele era o artista e ela, sua tela. 
As práticas utilizadas, as marcas que ficavam, eram consequência de algo muito maior, a entrega.
Hoje em dia, diante do desfile interminável de corpos arroxeados, sangrando, exibidos à exaustão e onde se sai para a sessão de câmera em punho já pensando nas fotos das marquinhas para serem postadas nas redes sociais, fazem pensar onde ficaram os sentimentos, qual é o papel do Dono que acaba por ser um mero "fazedor de marcas", estas, mais importantes que eles próprios.
Longe de ser uma crítica a quem expõe, é uma reflexão sobre os motivos dessa exposição, se não é valorizar mais a obra que o artista, que, nesse caso específico, é mais importante que tudo.
O que você sente por essas marcas, submissa? Que prazer elas te trouxeram além da exibição? Além do corpo, o que você é capaz de oferecer a este que te marcou? Seria capaz de abrir mão de coisas importantes na sua vida por ele ou é capaz de oferecer apenas o corpo para ser surrado e marcado? Será capaz de esperá-lo quando se ausenta? De abrir mão de um programa com amigos porque ele proibiu? De mudar seu estilo e vestir-se apenas como ele gosta?
A submissão não é um processo meramente físico. É mental, sentimental, visceral. Entregar o corpo para ser usado é apenas uma parte da entrega, a parte física. 
Então, fica a pergunta: você realmente se entregou?


Vita_ST
Feliz propriedade do Senhor da Torre



2 de abr. de 2014

Atravessando o Portal



Com toda abertura que o BDSM vem tendo, é cada vez mais comum ver pessoas chegando com pouca ou nenhuma informação, imaginando que basta atravessar o portal BDSM ele se descortinará lindamente e revelará um paraíso de prazeres . 
Chega-se aqui com desejos de submissão e pensamentos baunilhas . E, então descobre-se que as antigas certezas não servem mais, elas simplesmente não se enquadram nessa nova realidade . . 
Muitas são as dúvidas e questionamentos e poucas são as respostas .
A submissão seduz facilmente, ela envolve, encanta, arrebata ! E isso, somado à percepção ainda superficial que se tem ao chegar, pode criar o cenário perfeito para um sonho de Verão .
Bom, sonhos todos temos, mas não se vive apenas deles, há de se acordar para a realidade da vida, sempre é tempo de por os pés no chão e tirar a cabeça das nuvens.
E a realidade é que não há portal , nem paraíso tropical  e a travessia é um longo caminho de aprendizados!
Não há um pozinho mágico que transforme mulheres em submissas despojadas instantaneamente. 
Nada acontece sem a consciência de desapegar-se dos velhos conceitos, antigas certezas e ultrapassadas convicções e nada se mantém sem que esse entendimento seja exercitado diariamente. 
Todo avanço nessa escalada é fruto de muita dedicação e comprometimento com as escolhas feitas, nada nos é servido de bandeja.
Autocontrole não é um super poder que algumas submissas simplesmente têm e outras não, só tem quem trabalha para alcançá-lo, só encontra resignação quem busca por ela... E o ponto principal é que apenas se submete aquele que se disponibiliza a fazê-lo! 
Não é fácil administrar conflitos internos, não é fácil conter arroubos de emoções e sentimentos, não é fácil calar quando a vontade é de gritar... não é fácil alcançar um entendimento para estar bem e segura de ter feito a escolha certa. 
Entretanto, ninguém é obrigado a entregar o controle de suas vontades, emoções e prazeres nas mãos de outra pessoa, submete-se quem quer ou traz esse desejo dentro de si. 
Nada é fácil na entrega, mas, com comprometimento, persistência, muito pode ser superado e alcançado, é imensamente prazeroso perceber-se nessa evolução!

luah negra
escrava, RJ

1 de abr. de 2014

Irmãs de coleira - A arte da convivência


Uma submissa está entrando em uma senzala 
onde já existe outra sub há algum tempo. 


O que deverá acontecer daqui pra frente?


Dez anos de BDSM e posso me considerar uma escrava afortunada. Tive relações intensas, que me ensinaram muito e contribuíram tanto para meu desenvolvimento como submissa, quanto para meu crescimento pessoal. Terminaram porque tudo tem começo, meio e fim, nada é eterno. Mas foram calcadas no respeito, na confiança e na ética. A prova disso são os laços de afeto que prosseguiram.


Seria hipócrita se dissesse aqui que não gostei de ser presenteada com exclusividade em algumas dessas relações. Gostei, claro, como toda submissa gosta. Me senti honrada em minha entrega e servidão. Mas, sempre recebi de alma, coração e braços abertos as irmãs de coleira que tive. Foi um privilégio o convívio sereno e delicado durante a relação. Maior privilégio ainda os sentimentos que tiveram continuidade após findarem as relações.


Estou certa que a postura do Dono é de suma importância. Em suas mãos está a responsabilidade pelo clima de harmonia, ou de competitividade. Já presenciei Dominadores que fazem questão de atiçar suas submissas umas contra as outras, a fim de assistir crises de ciúmes entre elas... Mas, quem sou eu para censurar. 


No entanto, a responsabilidade não está apenas nas mãos do Dominador. As submissas, tanto a que chega quanto a que já está, têm de ser éticas acima de tudo. É fundamental uma postura de carinho e despojamento entre ambas.


Se uma deve ser aconchegante para que a outra não se sinta invasora ou "fora de lugar". A que chega, por sua vez deve ter além de tudo: tato, delicadeza, respeito para com os sentimentos ali já existentes e desenvolvidos ao longo do tempo da relação. 


Boa vontade e o bom senso deverão reinar entre as duas, para que juntas trabalhem em paz, focadas no objetivo comum de ampliar a obediência, a quebra de barreiras, a expansão de limites, a entrega e a submissão ao Dono. 


Se a ética não estiver presente, haverá competitividade (coisa feia de pessoas inseguras). Aí, por maior que sejam os cuidados do Dono, os conflitos acontecerão. 

A irmã que recebe uma nova deve segurar a língua e não exibir as palavras bonitas que escuta do Dono, os mimos que já recebeu, muito menos descrever o prazer que ele tem ao tortura-la. Evitar expor a relação, cuidar para que a outra não sofra e inveje. Somos seres humanos, não podemos nos esquecer disso em momento algum. Infelizmente, nossos sentimentos muitas vezes ainda são pequenos, como a inveja e o despeito. 

Assim também, a nova irmã deve se abster de contar os jogos de sedução em que foi envolvida para ali estar. Já vi submissas que estão chegando fazerem grande alarde sobre os momentos da conquista. Ora, sabemos que tem mais ciúmes quem já está na relação. Erroneamente, tanto quem chega, quanto quem já está, pensa que se o Dono buscou a outra submissa deverá ser por estar se sentindo insatisfeito. Ledo engano... No mundo SM, ou no baunilha, ter mais de uma mulher ao mesmo tempo povoa o imaginário dos homens. Então, já que é assim, para que despertar a insegurança? Qual é o benefício que há em ser feliz sobre a infelicidade da outra? 


Será sempre muito útil que uma se coloque no lugar da outra para evitar confrontos. O que não queremos para nós, não devemos dar a ninguém. Também, deixar lá fora as vaidades e o orgulho, os dois são desnecessários numa senzala.


Por fim, com todo este cuidado, com toda esta delicadeza, o presente será um dia ouvir do Dono: Sou um Homem realizado e feliz, tenho escravas que se respeitam, se amam e tudo fazem para o meu prazer.



Texto escrito e publicado

na Comunidade


"Confraria das Cadelas"


Orkut/2009


por


AmarYasmine
a escrava encantada do
SENHOR DIABLO