26 de set. de 2014

UM DOMINADOR DESTACA...

O BDSM tem regras?


Dizem que o BDSM não tem regras por não estarem escritas. 
De fato, não existe o Grande Livro das Leis do BDSM. Se existe, nunca o encontrei.
Entretanto, há regras próprias dentro de cada relacionamento, regras gerais no convívio entre os praticantes e a maior delas, para a segurança dos envolvidos, o SSC.

Diz-se de regras: são normas, preceitos, princípios ou métodos. Dessa forma, não precisam ser oficiais. Nem mesmo estarem escritas.
Basta que um grupo tenham-nas como norteadores de comportamento durante um grande espaço de tempo e assim como os fatos sociais, cristalizam-se.

Esta reflexão caminha no sentido oposto ao que chamam de "meu BDSM". 
O BDSM não é meu. Nem seu. Não é de ninguém.
Apropriamo-nos de seus preceitos para vivermos dentro de um contexto que nos é atraente e, muitas vezes, necessário a nós.
Quanto a observações acerca dessa ausência de regras, costumo dizer o seguinte:

"Imagine-se chegando com uma raquete de tênis a um campinho de futebol onde alguns amigos estão jogando uma pelada, algo que fazem há anos nos fins de semana. As regras ali não estão escritas, não existe a formalidade do futebol profissional, é apenas uma brincadeira e por isso vc entra com sua raquete e começa a rebater a bola, enquanto os outros a chutam. Eles estão jogando futebol; vc apenas pensa que está."

O que rege o BDSM está contido dentro do significado  dessas quatro letras: Bondage, Dominação, Submissão, Sadomasoquismo. O que está fora é fetiche.
Ao contrário do que muitos acreditam, as práticas BDSM estão contidas no vasto universo dos fetiches, não o contrário, por ser o fetichismo muito mais abrangente.

E, dentro dessa esfera gigante fetichista, o maior problema é a confusão em torno disso. Não basta ter um fetiche para ser Bdsmista, é preciso estar contido dentro daquelas quatro letras. É preciso jogar o jogo do poder seguindo suas regras de consensualidade, segurança, ética, bom senso, bom uso do que está em nossas mãos e cuidados em geral.

O "meu BDSM" tem causado muita confusão. Usando dessa premissa, alguns o têm utilizado pelas mais variadas intenções. E tem havido abusos, prejuízos à saúde física, mental e emocional, prejuízos financeiros, traumas, riscos de todo tipo, choro e ranger de dentes. 

Se as pessoas realmente atentassem para o perigo que representa o "meu BDSM", talvez mudassem de ideia e voltassem a considerar viver o BDSM que não é meu, nem seu... mas que é seguro PARA TODOS NÓS.



William Gama - Dom

7 comentários:

{Λїtą}_ŞT disse...

Sr William, meus parabéns pela grande verdade contida nesse texto.
Desde que inventaram o tal do "meu BDSM" é que se instalou o caos.
Pessoas se aproveitam da ausência de regras para fazerem de tudo isso um grande circo, mas no pior sentido, onde tudo vale. E é isso que tem colocado tanta gente em apuros.
Concordo com o sr em tudo que disse.

Obrigada por mais essa valisoa participação

Anahi disse...


Parabéns pelo belo texto!!

Samya_Danseur disse...

Brilhante!! É como sempre pensei.

isadhora disse...

Ótimo texto, obrigada por compartilhar., certas premissas do BDSM são como cláusulas pétreas, não adianta tentar mudar, que não funciona.

saudações SM

luah negra disse...

Muito bom texto , Sr !
Certas regras são necessárias para que o caos não se instale .
Minhas saudações .

Rebeca disse...

Boa noite, Senhor.

Faz tempo que não leio um texto tão sucinto e que ao mesmo tempo consegue explicar toda essa "bagunça" que estamos vivendo.

Assim como existem os "costumes" que ditam nossas regras de convivência na sociedade baunilha, tb os existem no BDSM. Eles existem, mesmo que as pessoas não queiram respeita-los. E é aí que começa todo o problema: As pessoas querem ser respeitadas na hora de viver o "seu BDSM", mas não querem respeitar "O" BDSM.

Parabéns, gostei muito!

Rebeca

RobertoDom disse...

excelente texto profundo e reflexivo
o Dom foi de extrema felicidade em
abordar esse tema parabens