9 de set. de 2014

Sobre o "Princípio da Submissão"


No âmbito do BDSM, há uma plêiade de comportamentos, mas focando apenas na forma como nos colocamos e participamos deste nosso universo, entendo haver dois principais grupos; os que apenas praticam, e aqueles que, além disto, semeiam suas ideias.

Considero a estas, como as filosofias do BDSM.

Obviamente que em ambos os casos, há pessoas sérias e com grande conhecimento; portanto dignas do respeito com que são consideradas. Embora alguém possa ver a isto como algo de exagero, afirmo que é justamente por estas filosofias, que o BDSM se mantém ainda íntegro em seus princípios.

Amar Yasmine do SR DIABLO, que acompanho há bastante tempo,​ tem uma sentença que considero como algo muito especial. O Princípio da Submissão.


Princípio da Submissão:

"Não sou tua submissa porque TE amo. 
Eu TE amo porque sou tua submissa."


Tenho lido este princípio muitas vezes ultimamente. E longe de discordar, posso afirmar que não alcancei, ainda, este nível de entendimento, no sentido de praticar.

Então amo à submissão, amo à condição de ser submisso (a). Será que, lá no fundo, realmente amo ao meu EU submisso?

Parece algo meio paradoxal, e que nos remete a uma condição muito centrista em si. Por outro lado, não existe a submissão sem a contra partida da Autoridade. E nesta está a questão.

O submisso(a) não cede, nem dá poder a alguém. Porque não tem, não exerce.

O que é dado é apenas o direito ao exercício de Autoridade. Então o submisso, por seus motivos, cede este direito a quem se propõe dominá-lo.

No meu caso, o principal motivo é a Personalidade. E personalidade não é sair por aí ditando ordens, nem assumindo uma postura prepotente.

Já vi submissos(as) com este perfil. Porque a personalidade está em como regemos/controlamos nosso comportamento e nossas emoções cotidianamente. Isto requer, entre ouras características, maturidade, bom senso, inteligência, criatividade, e uma boa dose de pragmatismo. Tais atributos aliados à cultura (cada um tem a sua, mas quanto mais, melhor), ditam o nível da Dominação.

A cultura aqui citada, não alude a qualquer forma de discriminação, ou preconceito. Apenas entendo que quanto mais significativa for, maiores serão as possibilidades de entender, deduzir, criar, conciliar, inferir,... etc.

Quem não se domina pode dominar outros?

E quem não se entende, pode a outros entender?

O D/s é uma arte, e é como um piano tocado a quatro mãos. Elas se completam.

Dominar é uma arte, e submeter-se não se resume a uma atitude  passiva. Não são atos simples como andar; e como toda forma de arte, tem que ser sentida.

Muitas vezes, é da reação do (a) sub que advém o tesão do Top.

Se você não percebe, ou sente o outro, como e então poderá interpretar suas reações? E como agirá, em cada situação?

Então, tem que haver uma transparência de ambos os lados, em prol de maiores entendimento e percepção.

D/S → esta barra não está aí para separar, ao contrário, é ela que une Domínio e submissão. E há de ser transparente.



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Werther von AY erschaffen 


3 comentários:

RobertoDom disse...


Belo texto para pensar e refletir bem. Excelente.

{Λїtą}_ŞT disse...

Werther, assim como vc admiro esse Princípio e o compreendo perfeitamente ainda que talvez não me sinta capaz de vivê-lo completamente.
Amo a minha submissão, é fato, mas não consigo desvincular de amar a quem sirvo além dela.
Quanto ao seu texto vc foi, como sempre, muito feliz. E se existem no BDSM aqueles que semeiam ideias vc está entre eles, pelas incríveis reflexões compartilhadas aqui.

"Dominar é uma arte, e submeter-se não se resume a uma atitude passiva. Não são atos simples como andar; e como toda forma de arte, tem que ser sentida.

Muitas vezes, é da reação do (a) sub que advém o tesão do Top."


Perfeito, entre outras frases perfeitas.

Abraços

DOMME CRIS disse...

Adorei o texto, e destaco aqui duas frases que gostei muito:
" O que é dado é apenas o direito ao exercício de Autoridade. Então o submisso, por seus motivos, cede este direito a quem se propõe dominá-lo" e "O D/s é uma arte, e é como um piano tocado a quatro mãos. Elas se completam".
Se duas mãos não estão "afinadas" é preciso rever o que está acontecendo ; as vezes é preciso recuar para não destruir a beleza da arte.
Parabéns!