28 de abr. de 2014

UM DOMADOR ENSINA

Apesar do nome, o *escravas e submissas* não foi criado apenas para mulheres que se submetem e servem. Este é um espaço também para homens que escolheram obedecer, para fetichistas, para baunilhas interessados no tema, para curiosos e, evidentemente, para Dominadores(as) que, com certeza têm muito a compartilhar e a ensinar. 
Assim, o blog está aberto a todos dispostos à troca de conhecimentos. 

Para o post de hoje, convidamos o Senhor EL CHICOTE que, generosamente divide conosco sua vivência de mais de 25 anos em Doma de potras (pony girl).

A NOBRE ARTE do CHICOTE



- Esse texto foi escrito para um site de spanking "Planeta Spanking" há muito tempo, talvez 20 anos.

É atual na medida em que os novos adeptos vêem na Dominação uma chance de esconder suas fraquezas, quando na verdade a Doma revela a verdadeira personalidade do DOM.
E a fraqueza de um homem se mostra verdadeiramente desastrosa quando combinada com o poder ilimitado que a Doma traz.
O Poder de fazer o certo e o errado, de pintar uma obra prima ou de um simples borrão numa tela virgem.
De levar ao paraíso ou ao inferno, freqüentemente indo junto.
Não pretendo ensinar - quem É nasce Feito - nem estabelecer regras: apenas registrar.



O Chicote traz consigo uma série de simbolismos que remontam a Antiguidade. Pode ser comparado, enquanto representação de poder, ao cetro dos imperadores, ao espadim dos militares, verga dos magistrados romanos ou bengalas dos cavalheiros.

Símbolo fálico, transmite autoridade e vigor. Sua função básica é a Doma e, quando corretamente utilizado, não é lesivo ou destrutivo já que, para simplesmente causar dor ou danos, outros objetos mais comuns podem ser até mais eficientes.

Para funcionar operacionalmente, compõe-se obrigatoriamente de três partes: numa ponta, o Domador; no meio, o Chicote; na outra ponta, a Potra. Como objeto isolado, serve apenas de decoração.





Vivemos numa sociedade em que culpa e castigo caminham juntos, onde as transgressões, mesmo quando acompanhadas de arrependimento e perdão devem ser corrigidas, pois através do castigo se chega à expiação das culpas e ao direito ao prazer.


O comportamento correto da potra é fundamental. Base da sociedade, deve ser educada, corrigida e conduzida por seu Dono. E o uso do Chicote representa apenas um rito de passagem, a quebra de barreiras, a realização da Doma. A partir do momento em que escolhe um Dono, em que sente prazer em se submeter à sua vontade e ao seu domínio, ela vai procurar a cada dia se superar mais e mais. Deve demonstrar explicitamente a sua coragem em enfrentar os desafios de uma potra, ser motivo de orgulho para si própria e para seu Dono, pois ele é o responsável pelo seu adestramento.



A confiança deve ser total, numa relação de entrega absoluta. Um bom Domador nunca fantasia, devendo apenas conduzir a fantasia. Jamais pode ser sádico, devendo usar o Chicote com muita habilidade para orientar, e não punir. O objetivo final é sempre a Disciplina, e uma potra sob comando de um Dom hábil, facilmente chega ao paraíso.

Do Comportamento da Potra

A potra compreende que o objetivo do seu Domador é o seu aperfeiçoamento, dotando-a da habilidade e treinamento necessários para que ela o satisfaça. Deve ter orgulho em atingir e superar suas metas, daí seu prazer físico. Enganam-se aqueles que supõem ser a dor o fio condutor do prazer (se fosse assim, uma martelada no dedo a faria urrar de gozo). A sua submissão ao seu Dono, e a sua capacitação pela Doma, é o que realmente a conduz ao prazer.

Entende que só o seu Dono e ninguém mais tem o direito (e o dever) de corrigi-la, pois não se serve a dois senhores. Desta confiança absoluta nasce a possibilidade de realização de todas as suas fantasias, pois ela jamais ocultaria qualquer desejo seu, por mais íntimo que fosse, do seu Dono.

Da Personalidade do Domador

Antes de mais nada, deve personificar a Autoridade que lhe é esperada, comportando-se a altura de um Senhor que tem interesse em aperfeiçoar e preservar sua propriedade, com a habilidade, paciência, severidade e generosidade necessárias. Um Domador nunca é perverso ou relapso e essa é a melhor garantia da segurança da potra, pois é sua posse.

Seu desejo é desenvolvê-la, tornando-a melhor para Ele. Por isso, e pelo fato do ato da Doma exigir dedicação e trabalho, Domadores dificilmente domam escravas que não lhe pertencem, e nunca emprestam/dividem suas escravas.



Subs versus Chicote

Como objeto simbólico, o Chicote utilizado deve ser aceito e estimado pela potra.

Melhor ainda se ela tiver participado da escolha, sob a orientação de seu Domador. Este será seu objeto de uso pessoal, do qual pode até ter ciúmes, muitas vezes não gostando de vê-lo compartilhado por outras potras com as quais não simpatize. Na ausência do Dono, o forte simbolismo representado pelo Chicote permitirá á potra, pelo seu uso, um prazer quase equivalente ao infligido pessoalmente pelo Dono, desde que ele assim autorize e/ou ordene.



Impacto da Chicotada

Algumas limitações mecânicas devem ser aceitas. Acima de certo impacto serão causados danos à pele. Embora o estado emocional da sub permita maior castigo sem danos (a adrenalina faz fugir da pele o sangue, tornando-a mais resistente à dor e protegendo-a de marcas roxas).



Quanto mais pesada, mais fina e veloz for a ponta do Chicote, maior será seu impacto. Cabos longos imprimem velocidades elevadas ao Chicote, que se for pesado, duro e fino pode cortar facilmente a pele. Já os de pontas largas, leves e cabo curto produzem menor impacto, garantindo a segurança da potra. Um Domador habilidoso saberá usar o instrumento mais adequado na Doma de sua potra, que é a voz de comando e sua conduta real. O Chicote será então um símbolo disso.

Tipos de Chicotes

Comprimento dos Cabos: quanto maior o cabo, maior a velocidade da ponta e maior o impacto.

Dureza dos materiais de impacto: quanto mais duro, maior a possibilidade de corte e danos.

Materiais como fios metálicos e trançados de couro duro são extremamente perigosos. Os materiais moles são mais seguros (couro macio e largo, fios têxteis, tiras múltiplas, etc).

Largura da ponta: quanto mais larga, maior a área de impacto, distribuindo a energia e tornando mais seguro. Quanto mais fina, mais concentrada e perigosa.

Quantidade de Tiras: quanto maior o numero de tiras, mais distribuído o impacto, diminuindo o risco.



Dolo: os romanos usavam o chicote de tiras para a punição, e nos casos em que pretendiam maiores danos, atavam pequenos ossos (chamados DOLOS) nas tiras. Daí a figura jurídica da intenção dolosa. Alguns sádicos têm chicotes com pequenas esferas, traves e argolas (metálicas ou não), presas às tiras (é procurar confusão lidar com eles). A marinha inglesa usava um chicote com tiras, que tradicionalmente é chamado de gato de 9 caudas.

Marcadores: o chicote de uma única tira pode ter cortado na ponta uma letra ou marca, que será impressa na potra, registrando a passagem do seu Dono. Pode ser interessante.

Áreas alvo: Para maior segurança, sempre abaixo do umbigo. Donos mais habilidosos e conscientes poderão se aventurar até o pescoço, jamais acima.


Autenticidade

Com o uso do Chicote as sensações em jogo são tão intensas quanto o risco envolvido. Neste caso, fingimentos, fraquezas, enganações ou falta de palavra desqualificam a seriedade necessária. A palavra dada não pode ser quebrada. A potra deve ter a certeza absoluta de que quando o seu Senhor diz não vou fazer, ele não fará. Mas se ele diz vou fazê-lo, nada deve impedi-lo, nem choro, súplicas ou histeria. Em resumo, o jogo com o Chicote implica em absoluta autenticidade: o Dom é Domador e a potra é domada.

Riscos

Como já ficou claro, se o Domador não tiver uma personalidade forte e estável, a situação facilmente sairá do controle. Se a potra não reconhecer a Autoridade, ou não tiver uma confiança sem reservas na habilidade do Domador, poderá, mesmo inconscientemente, desafia-lo, furtando-se à obediência. Neste caso um Dom menos experiente ou mais inseguro poderá usar o Chicote como substituto da sua autoridade moral, produzindo danos irreversíveis ao físico e à mente, traumatizando uma potra que, se devidamente adestrada, poderia revelar todo o seu potencial. Os danos de uma desastrosa aplicação do Chicote podem acabar com a reputação de um Dom, podendo mesmo abalar sua autoconfiança, jogando-o na vala comum dos pseudo Doms.

Fantasias Associadas: Personagens&Cenas

Junto com o Símbolo Chicote, outras fantasias simbólicas fazem parte do imaginário das potras.

Cabe ao Dom exigir a confissão dessas fantasias e realiza-las, dentro de sua conveniência. As mais comuns são as exóticas orientais: gueixa; odalisca; dançarinas do ventre.

Outra categoria bastante procurada é a das escravas: afroescrava; escrava branca, escrava medieval.

Cenas muito reveladoras são obtidas com simulações da realidade próxima, quando a potra representa personagens conhecidas: amiga; prima; vizinha. Ou finge de enfermeira, aluna/professorinha, secretária e outras personagens.



Outras Participantes

Ainda na questão de fantasias, certas cenas exigem a presença de outras potras. Convidadas, curiosas, sub-sádicas, damas de companhia, aias, amas (sempre fêmeas, pois Dom que se preza jamais permite, sequer, que o nome de outro macho seja pronunciado).

Freqüentemente, quando duas ou mais mulheres se juntam, a superioridade numérica as tornam atrevidas. O Domador deve redobrar sua atenção, impondo sua autoridade severamente, mas com tranqüilidade, sem admitir dúvidas, birras, ciúmes ou hesitações em cumprir uma ordem.

Qualquer fraqueza ou excessos de sua parte demonstrará claramente sua incapacidade, levando uma sub inteligente a duvidar dele, desprezando-o no futuro. Quando em duplas, normalmente uma sub assumirá o papel de superior hierárquica da outra, o que deve ser autorizado e confirmado pelo Domador.

Acessórios

Para melhor caracterizar a cena, as vezes uma roupa adequada pode ajudar a entrar no clima. Um Dom deve ser capaz de fazer isso sem esse recurso, mas não custa nada fazer um agrado de vez em quando.





Ambientes

Um dos mais fortes condicionadores é o ambiente. Um cenário convincente de masmorra, tenda árabe, leilão de escravas, ou seja lá qual for a fantasia dela, pode fazer de uma cena comum uma aventura inesquecível.

Após a Doma

A concessão de um tempo de reflexão para a sub, após uma cena, é um recurso interessante, mas não se deve esperar respostas precisas no calor da ação.

É importante que o Domador conheça as sensações, progressos e medos de sua potra, e esse é um momento particularmente vulnerável, que deve ser usado para modelar e aperfeiçoá-la, estreitando os laços de confiança e submissão.

A avaliação das marcas e avarias são funções do Dono. Algumas reclamações serão feitas e o Dono pode até ouvi-las, pois às vezes as potras tentam assim valorizar a sua atuação, ressaltando a sua coragem e valentia. Normalmente isso é uma forma de pedir elogios e reconhecimento.



O Dom deve ser sempre justo e correto, reconhecendo as virtudes e observando as falhas, compreendendo sempre que deve corrigi-las, pois elas são o resultado do adestramento que ele deu à sua sub. A sub nunca é culpada por seu desempenho, seu dever é obedecer e respeitar seu Dono.

O desempenho dela cabe ao Dom modelar e aperfeiçoar. O sucesso nesta fase está intimamente associado ao conhecimento que o Dom tem das fantasias da potra.

Já a reclamação excessiva diminuirá o mérito educacional da cena, o que pode tornar ilegítimo qualquer objetivo pretendido. É importante que a potra saiba das conseqüências em termos de marcas temporárias ou permanentes, as quais deverão ser explicadas de antemão. Afinal, a potra vive numa sociedade que, cinicamente, finge não ver esse comportamento com bons olhos. A visibilidade das marcas deve ser escrupulosamente avaliada antes, pelo Dom.

Sua Autoridade é, em grande parte, avalizada pelo controle que Ele tem sobre os efeitos causados durante a cena.

Ele deve garantir a condição emocional e física da sub, inclusive a integridade das roupas, que às vezes são rasgadas durante uma cena, de modo a permitir a volta dela em segurança, em condições de enfrentar a sociedade. A potra sempre deverá se sentir segura, certa de que aquela foi uma cena construtiva e prazerosa.



Aviso Final

Ao Dom:

A dominação é um jogo, mas não é de mentira. As sensações e emoções são de verdade. Nunca brinque com o sentimento da potra: você é o Dono dela e o único responsável por você e por ela. Se você não Domá-la, reconheça e abandone a contenda, não jure amor nem alegue carências para mantê-la. Honra e verdade não se aprende, técnicas sim. Amadureça e torne-se melhor.

À Sub:

A submissão é um comportamento genético, desenvolvido durante os milhões de anos de evolução dos primatas. O prazer físico de submeter-se ao seu Dono visava garantir uma descendência de Doms. A sociedade atual permite a sobrevivência (e até o sucesso) de um indivíduo sem as qualidades incomuns de um Dom (isso começou a acontecer há aproximadamente 50 mil anos).

Contudo, o imperativo genético das fêmeas as induz a submeter-se, mas não é fácil o reconhecimento de um Dom puro, geneticamente falando - além do conjunto de qualidades inatas, outras, tão ou mais importantes devem ser aprendidas, jamais ensinadas.

A situação da potra, então, é delicada, e depende em grande parte da sorte. Um farsante facilmente apresentará as características externas de um Dom, mas sob pressão mentirá, acovardar-se-á e manipulará, revelando sua fraqueza (e condição de pseudo Dom).


Mas, se tudo der certo, provavelmente, será a melhor experiência erótica da sua vida - isto é: se uma potra encontrar um Dom com qualidades morais, éticas e intelectuais, na idade conveniente, com tempo disponível, posição social e instrução adequada, ela achou uma passagem ao paraíso.

Mas nada substitui o bom senso e a realidade. Um verdadeiro Dom espera que a sub cuide de si mesma e tome as decisões corretas. Afinal ela é a propriedade e quanto mais capaz e leal for, maior será o valor da potra para ele.

A sub é responsável pela escolha do seu Dom.

O Dom é responsável por tudo o mais.


Por El Chicote
(com a colaboração de sua sub, Laica-EC



Próximo post:

"O Real Valor de uma Coleira"

por Cedna_Steel

dia 01/05/2014

20h

6 comentários:

{Λїtą}_ŞT disse...

Nada a comentar, apenas agradecer ao sr El Chicote por essa valiosa contribuição.
É uma verdadeira aula proveitosa e muito generosa da parte dele por compartilhar seus extensos conhecimentos conosco.
Confesso que depois de ler passei a gostar mais dos chicotes.
Mais uma vez obrigada, sr.

Grande abraço

Anônimo disse...

Sr. El Chicote,
Obrigada pela aula. Nada à acrescentar, muito à aprender.
Saudações!
bia de MELBOR

HASSAN disse...

Muito bom o texto. Parabéns ao autor e a vc Amar e as outras meninas por compartilhá-lo aqui.
Saudações

{W_[Amar Yasmine]} disse...

Querido Amigo, Senhor El Chicote!

Beleza de texto. Estou muito feliz que tenha aceito nosso convite de vir à nossa página trazer seus conhecimentos para dividir conosco.
Penso que seria uma ótima ideia o Senhor usar a página "Práticas e Fetiches" para publicar seus outros textos sobra "A Arte da Doma".
Estou certa que, assim como nós, nossos leitores agradecerão, Senhor.
Abraço respeitoso!

Amar Yasmine
a escrava encantada do
SENHOR DIABLO

{W_[Amar Yasmine]} disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ternura disse...

Sr. El Chicote,

Parabéns pelo didático e abrangente txto.

Obrigada por compartilhar tais ensinamentos.

Saudações respeitosas