Foi por essa época também que, por meio de um blog, conheci a lindíssima vita_ST, com quem já ri por mil motivos, a quem já confidenciei muitas coisas e por quem eu estou aqui hoje, após alguns meses de afastamento da comunidade BDSM, atendendo ao convite de contribuir com este espaço maravilhoso que, confesso, foi uma grata surpresa neste meu momento de retorno.
Assim, é com muita alegria que compartilho com vocês este meu texto, escrito em março de 2011, e aproveito para agradecer e parabenizar a iniciativa da criação desse blog, uma luz acesa e segura pelas mãos confiáveis de vita_ST, essa amiga que tanto admiro, e pela não menos maravilhosa Amar_SD.
Adoro, por exemplo, a maneira como a palavra ciúme foi riscada do meu dicionário. Ou a coleira, que deixou de ser um simples objeto e passou a ter uma enorme carga de honra e respeito impregnada em suas letras.
Mas pouca coisa me chama tanto a atenção quanto o ponto em que delimita-se (ou expande-se?) a acepção do "uso" dentro de uma relação de Dominação e submissão.
Em termos gerais, usar pode significar, entre outros, empregar, fazer uso, servir-se de. Também é recorrente a ideia de que, ao fazermos uso de determinada coisa, ela se desgasta ou acaba por se deteriorar, até que não nos sirva mais. Partindo de um ápice, a serventia deste objeto tende a decair, mesmo que isso demore, seja por estar já inutilizado ou por simples falta de interesse. É neste ponto do percurso que nos livramos dele.
Pois bem. Esses são os termos gerais. Partamos agora para as especificidades.
Donos usam (ou servem-se de) suas submissas. Ponto. Como e quando são fatores que também devem ser cuidadosamente pensados, mas essa já é outra história. A questão aqui são as implicações que este uso traz consigo.
Ocorre, então, uma reversão do processo acima explicitado. Se em linhas comuns um objeto é utilizado e posteriormente descartado, aqui supõe-se que, ao ser "usada", a submissa irá aperfeiçoar-se, com a devida condução de seu Dono, crescendo e superando-se com o objetivo de proporcionar mais e mais prazer àquele que a possui, o que causa felicidade a ela e satisfação a ambos. Assim, a relação segue sempre em linha crescente.
É dentro desse contexto que o usar apresenta ainda uma outra face: do "uso" em uma relação D/s deveria advir, necessariamente, o cuidado. E vice-versa. Estes termos encontram-se cada um em um dos pratos de uma mesma balança. Se um deles falta, o outro lado pende, e assim não há equilíbrio. Sem equilíbrio não há confiança... e ninguém deveria submeter-se sem confiar.
Por mais que se queira traçar o paralelo entre uma submissa e um objeto, submissa não tem botão ON-OFF para processar esse tipo de atitude sem a ocorrência de qualquer dano. E, se for mesmo para fazer essa comparação, raciocinemos: objetos usados de maneira inadequada não cumprem corretamente com sua função, quebram, danificam-se.
juliet_SS
submissa, SP
6 comentários:
juliet_SS,
você conseguiu d emadeira pratica e poética, fazer um paralelo perfeito entre a submissão, a Dominação, o uso e o objeto.
De fato, todo acessório pode quebrar se não for bem cuidado e guardado.
Assim acontece com as submissas, quando mau usadas e jogadas fora, descartadas de qualquer maneira após o uso indevido.
Novamente, eu gosto muito e acredito na palavra comprometimento, e comprometimento de ambas as partes. Quando isso ocorre, não há uso indevido, não há objeto quebrado ou jogado fora,.
Há somente aprendizados e crescimento de quem usa e de quem usado.
Belissíma reflexão, comparaç∫ao e ensim=namento querida.
Nota-se que és um objeto muitíssimo bem usado e guardado.
Fala com a propriedade de quem é cuidada, protegida e acolhida pelo DONO.
Parabéns aos dois, Dono e submissa.
Beijos carinhosos,
ÍsisdoJUN
juliet_SS, minha mirim preferida!
Falamos muito aqui no blog de uma submissão despojada, comprometida com seus próprios ideais, abnegada e persistente. Mas é óbvio que tudo isso passa também pela condução do Dono. Servir sempre... mas para isso é necessário que alguém queira ser servido ou tudo perde o sentido. Parodiando o velho dito popular, "uma submissa só não faz uma relação".
Obrigada pelas belas palavras, me emocionaram... e parabéns pela coerência e maturidade de sempre, o que comprova que idade não é nada e que podemos aprender sempre, mesmo com pessoas tão mais jovens, como vc.
Beijos
Olá juliet_SS
Bacana poder te ler...
Mais uma vez, complementando o texto da vita, em que fala sobre o alimento que a submissa necessita, venho comprovar com o seu texto que onde não há cumplicidade, tudo se torna vago e muito vazio.
Uma submissa é capaz de tudo pelo seu Dono, a única coisa que ela precisa é se sentir "querida". Que o Dono use e se lambuze...rs*. Mas que saiba guardar, muito bem guardada. pisc*
Beijo grande
Rebeca
Adorei isso:
"Por mais que se queira traçar o paralelo entre uma submissa e um objeto, submissa não tem botão ON-OFF para processar esse tipo de atitude sem a ocorrência de qualquer dano. E, se for mesmo para fazer essa comparação, raciocinemos: objetos usados de maneira inadequada não cumprem corretamente com sua função, quebram, danificam-se."
Parabéns por tamanho discernimento!!!
Adorei seu texto!
Beijos!
{perséfone core}_DC
Oieeeee meninasss !!!!
Passando aqui só prá deixar um beijo cheio de saudades em vcss.
Beijãozão!!!!
lilica
lilica, é uma alegria e uma grande emoção te ver aqui, mesmo que seja só por saudades.
Saiba que, assim como antes, as portas estarão sempre abertas para vc.
Beijos e muitas saudades tb.
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