7 de nov. de 2015

Liberdade de expressão submissa


Uma vez decidida a trilhar voluntariamente um caminho de submissão uma mulher deve procurar aperfeiçoar-se a partir dos referenciais de seu Dono. Esse processo inclui aprendizado e adestramento, palavras que sempre usamos. A riqueza da interação da submissa é que vai gerar o resultado que se pretende "ensinar" ou "adestrar". Naturalmente não é apenas com seu Dono que a submissa aprende, nessa jornada. Ela deveria ler e fazer alguns amigos pra ter percepções referenciais de boas relações de submissão. Pra crescer na sua submissão. Pra entender mais e servir melhor, inclusive.
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O problema é que cada relação é de um jeito e cada pessoa é única, processos ricos e essa coisa toda. Mas gostaria de levantar como reflexão o recorte "Doms que não permitem que suas submissas tenham contato externo ou interação com discussões de opinião".
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Vejo muitas vezes confundida nossa autoridade Dominadora com supressão do pensamento e cassação do direito da submissa a ser entendida como pessoa que também está em uma jornada de busca voluntária por felicidade. Ou seja, como um ser humano que tem suas demandas, mesmo que uma delas seja servir. Ou ainda; ela não se anula como ser humano por ter a demanda de servidão voluntária dentro de si.
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Durante o ano em que foi minha a natasha conversava e opinava no meio BDSMer livremente. Os resultados que colhi disso sempre foram os melhores possíveis e sempre tive gratas surpresas e grande orgulho do seu comportamento. Ela cresceu como submissa nessas interações, fez amizades, discutiu. E nunca me envergonhou ou me diminuiu em nada por isso. É evidente que respeito a maneira como os outros vivem e o tipo de limitações que impõem, dentro da negociação. Estou apenas dividindo que sempre foi a política que adotei e sempre foi ótimo.
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Isso é apenas um depoimento de que minha severidade nunca foi alterada pela suposta liberalidade de que minha sub tinha liberdade de dizer o que pensava abertamente e sem censura.
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Se um dia ela se comportasse mal eu lhe daria justo, merecido e justificado castigo. E ela ia entender porque é uma boa menina. Mas nunca aconteceu. Com isso eu tive ainda mais orgulho da minha obediente cadela. Pretendo ter orgulho de ver uma submissa minha discutindo abertamente com inteligência uma série de questões em comunidades, como prevejo ser bastante provável que aconteça. A sub é o espelho do Dono, costumamos dizer. Gosto que uma submissa saiba que é depositária da confiança de que não me envergonhará. Que ela tenha essa responsabilidade. A liberdade e o peso dessa liberdade.
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Você pode brincar de afogar sua putinha na privada da sua casa, mas você não pode deixar de entendê-la como um ser com uma busca legítima. O que há é uma relação entre dois seres humanos e entender que o outro tem demandas, expressões e expectativas é ser realista e justo. Isto posto o pau come.
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E se se comportar mal leva castigo brabo.


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Particularmente entendo como mau comportamento ser desatenta em relação ao empoderamento do Dono em qualquer interação com o meio, por exemplo. Deve falar livremente sem causar vergonha ao Dono, ser educada e gentil em contraponto a submissas que arrumam encrenca e fofocam. Manter um comportamento geral virtuoso, honrado, dirigido ao Dono no sentimento e intenção verdadeiras. Se eu tiver isto tudo, que sentido faria tentar controlar as interações e percepções que a submissa tem do meio? O direito do castigo é ainda a cereja do bolo das minhas garantias. E das suas, como Dom.
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Sendo assim é ótimo que ela interaja e opine, aprendendo e desenvolvendo sua submissão. Seu auto-conhecimento, sua busca de referenciais que a ajudem a servir melhor e melhor. É um orgulho ser servido fielmente por uma fêmea que seja exuberante na sua inteligência e ainda assim um brinquedinho de foder na sua mão mais forte.
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Isto é apenas para fazer pensar em relação a limitação de opiniões fora de sua relação bilateral com o Dono a que vejo honrados Doms submetendo suas peças. Outro bom argumento pra fazer pensar é senso comunitário: com a participação restringida todo meio BDSMer se empobrece. E o ponto é que rigidez proposta na relação de transferência de poder não é afetada porque você deixa sua sub participar e aprender mais. Pra te servir melhor.
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A restrição do direito da fala é um poderoso recurso de nossas práticas sexuais. A gente se diverte amordaçando uma mocinha, for sure. Mas isso tem mesmo a ver com fazer lobotomia em nossas submissas?
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daysofsodom:

hush
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Isso não envia um sinal a elas de que não confiamos de que são capazes de nos surpreender ou orgulhar com um comportamento exemplar?
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As melhores demonstrações de submissão que recebo são as voluntárias, que partem de alguma iniciativa livre da submissa. Esse é um bom exemplo de como liberdade concedida reforça a autoridade inicial consessora da liberdade.
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Deixem as borboletas voarem, rapaziada. Se fizeram um bom trabalho vocês vão ter orgulho do resultado.
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Marte 
Dominador, RJ


Texto publicado no blog O Sagrado Masculino e gentilmente cedido pelo autor para publicação neste blog.