Elementos da composição da autoridade masculina são estimulados, mas muito pouco discutidos no meio SM. Donos falam em proteção de suas submissas, mas sabemos mesmo que tipo de mecanismo nos empurra pra essa fala?
É claro que a própria experiência BDSM inclui algum perigo físico intrínseco que é combatido com uma cultura da responsabilidade entre Top e Bottom. Assim aprendemos uma cultura SM que diminui riscos das práticas reiterando a responsabilidade do Dominador sobre "sua peça".
Mas tirando isso, acredito que a Dominação Masculina, como expressão sexual do próprio patriarcado, nos proponha sempre a ideia do provedor, do pai, daquele que protege. Eu não conheço o processo das Domme mas conosco essa ideia é extremamente poderosa.
Porque por exemplo, mesmo em relações baunilhas, é comum que nós infantilizemos nossa interlocutora? Muitas vezes as tratamos como crianças porque em algum lugar sabemos que isso as fragiliza diante de nós, como filhas. Disfarçados em certos mimos e carinhos vai a mensagem: "Você é criança e não sabe das coisas".
Nesse sentido a Dominação Masculina circula em torno da ideia do Pater. E isso fundamenta nosso amor e zelo por nossas meninas, o sentido de proteção da Dominação Masculina.
A aceitação de tudo quanto impomos nos gera fascínio sexual talvez porque fiquemos surpresos quando afirmamos sexualmente símbolos da opressão do patriarcado (e te chamamos de puta, rimos de você ou te disciplinamos) e verificamos que há uma aceitação desse papel embaixo de nossa disciplina.
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Ou seja, quando vemos que nossa violação é entendida como violação e mesmo assim aceita em nome da lealdade ou do amor a nós.
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E é por isso que odiamos submissas que fingem a violação, que representam, que mentem. Nenhum de nós gosta da submissa que pede "mais forte, mais forte". Porque a violação proposta não está sendo entendida como violação, sequer. É uma ofensa significativa quando acontece.
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Os processos eróticos que dão sentido à Dominação Masculina (ao menos na média) tem origem na ideia fundamental da domesticação, no âmbito sexual, da fêmea. Na ideia do uso.
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Se isto é mantido no campo da sexualidade consensual apenas, qualquer acusação de machismo cai no vazio até mesmo para o senso comum. Vejo muitos Dons sem conseguir justificar suas preferências e cometendo o suicídio de afirmarem-se "machistas mesmo e foda-se". As pessoas são livres até para serem burras, sabemos.
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A Dominação Masculina não precisa de legitimidade alguma para ter mais poder sexual, até porque ela simboliza justamente o próprio poder sexual falocêntrico. Mas ela precisa ser melhor explicada, defendida e a preferência por ela precisa da legitimidade de não estar associada ao machismo.
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Caso contrário vão nos caçar pra sempre. Um resgate da identidade masculina na pós-modernidade precisa re-legitimar o prazer na violação sem conceder em tornar-se criminoso, anti-ético ou condenável.
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É quase como ser um reformista do patriarcado: achar justo que as mulheres tenham direitos civis e ainda manter sua putinha obediente sem muita resposta porque ela está com a boca ocupada.
É claro que a própria experiência BDSM inclui algum perigo físico intrínseco que é combatido com uma cultura da responsabilidade entre Top e Bottom. Assim aprendemos uma cultura SM que diminui riscos das práticas reiterando a responsabilidade do Dominador sobre "sua peça".
Mas tirando isso, acredito que a Dominação Masculina, como expressão sexual do próprio patriarcado, nos proponha sempre a ideia do provedor, do pai, daquele que protege. Eu não conheço o processo das Domme mas conosco essa ideia é extremamente poderosa.
Nesse sentido a Dominação Masculina circula em torno da ideia do Pater. E isso fundamenta nosso amor e zelo por nossas meninas, o sentido de proteção da Dominação Masculina.
A aceitação de tudo quanto impomos nos gera fascínio sexual talvez porque fiquemos surpresos quando afirmamos sexualmente símbolos da opressão do patriarcado (e te chamamos de puta, rimos de você ou te disciplinamos) e verificamos que há uma aceitação desse papel embaixo de nossa disciplina.
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E é por isso que odiamos submissas que fingem a violação, que representam, que mentem. Nenhum de nós gosta da submissa que pede "mais forte, mais forte". Porque a violação proposta não está sendo entendida como violação, sequer. É uma ofensa significativa quando acontece.
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Os processos eróticos que dão sentido à Dominação Masculina (ao menos na média) tem origem na ideia fundamental da domesticação, no âmbito sexual, da fêmea. Na ideia do uso.
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A Dominação Masculina não precisa de legitimidade alguma para ter mais poder sexual, até porque ela simboliza justamente o próprio poder sexual falocêntrico. Mas ela precisa ser melhor explicada, defendida e a preferência por ela precisa da legitimidade de não estar associada ao machismo.
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Caso contrário vão nos caçar pra sempre. Um resgate da identidade masculina na pós-modernidade precisa re-legitimar o prazer na violação sem conceder em tornar-se criminoso, anti-ético ou condenável.
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Marte
Dominador, RJ
*Texto postado originalmente em O Sagrado Masculino e gentilmente cedido pelo autor para publicação neste blog.